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86 dias se passaram. Cadê a aftosa?

Período de incubação do vírus é de, no máximo, 14 dias mas até agora nenhum animal de casco partido apresentou sinais clínicos da doença.

Redação SI (17/01/06) – Depois de 86 dias de o Paraná ter sido colocado sob suspeita como foco de febre aftosa, nenhum bovino apresentou qualquer sintoma da doença. A febre aftosa é causada por vírus altamente contagioso, com a maior capacidade de dispersão na natureza. É uma doença que não tem como conter ou esconder e, mesmo com todos esses fatos, não há animal de casco partido com aftosa (bovinos, suínos, ovinos e caprinos) no Estado.

Segundo consta no site da Organização Internacional de Saúde Animal (OIE) o período de incubação (desde o aporte do vírus no animal ao surgimento dos sintomas clínicos) varia de 2 a 14 dias. O leilão Dez Marcas – realizado durante a Eurozebu, em Londrina – ocorreu no dia 4 de outubro. Foi a partir deste evento, que contou com a participação de animais trazidos de Eldorado (MS) – onde foram confirmados os primeiros focos da doença – que o Ministério da Agricultura (Mapa) fez a vinculação epidemiológica entre o Paraná e o Mato Grosso do Sul.

Segundo informações do organizador do leilão Alexandre Turquino, o último lote de animais trazidos do Mato Grosso do Sul chegou à Fazenda Flor do Café, em Bela Vista do Paraíso (40 km ao norte de Londrina), de sua propriedade, no dia 23 de setembro, portanto 11 dias antes da realização do leilão. Todos esses animais foram vistoriados por técnicos da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab) quatro vezes em um intervalo de 12 dias.

As vistorias ocorreram quando os bovinos chegaram à Fazenda Flor do Café, no Parque Ney Braga, em Londrina (para participar do leilão), na saída do parque (quando foram encaminhados às fazendas compradoras) e nas devidas propriedades, após as viagens. Em todos esses laudos, não foram constatados quaisquer sinais clínicos ou problemas com os animais. No dia 21 de outubro, a Seab anunciou que havia suspeita de febre aftosa em 19 bovinos no Estado, a partir da vinculação dos animais com o Mato Grosso do Sul.

Desde esta data, as 19 cabeças estão isoladas, juntamente com todo o rebanho. Em todo esse gado há touros e vacas, que receberam algumas doses da vacina contra aftosa, e bezerros que nunca foram imunizados. A estimativa é que cerca de 20% do rebanho estadual esteja sem vacinação, segundo o advogado Ricardo Rocha Pereira, que representa cinco pecuaristas que ainda estão com as fazendas interditadas (quatro com suspeita e uma com foco confirmado).

Surto clínico – Para o coordenador do curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário de Maringá (Cesumar), Raimundo Tostes, doutor em Patologia Animal, se o vírus da aftosa estivesse circulando pelo recinto de exposições, em outubro, haveria “um surto clínico nos animais que participaram do evento e certamente alguns deles teriam ficado doentes”. Segundo ele, em outubro, quando surgiram as primeiras suspeitas, alguns bovinos “apresentaram sinais clínicos de processos inespecíficos”, ou seja, que a sintomatologia não é compatível somente com a febre aftosa.

O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues, foi procurado pela reportagem para comentar o assunto mas, a assessoria de imprensa informou que o ministro não daria mais entrevistas sobre a febre aftosa no Paraná.