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Bioenergia

Usina a carvão volta aos leilões

A cadeia do carvão hoje movimenta aproximadamente R$ 8 bilhões por ano e é responsável por pouco mais de 52 mil postos de trabalho.

Usina a carvão volta aos leilões

A inclusão de usinas térmicas a carvão mineral no próximo leilão de energia, que o governo federal deverá realizar no segundo semestre, animou os investidores do setor. A estimativa para novos projetos pode alcançar R$ 13 bilhões.

O carvão mineral no Brasil representa apenas 2,5% (3,2 MWh) do total da energia gerada no país, que chega a 123 mil MW. Aproximadamente 70% desse total é proveniente de hidrelétricas. De acordo com dados da Associação Brasileira do Carvão Mineral (ABCM), para movimentar as térmicas em operação são necessárias 6,5 milhões de toneladas de carvão por ano. Com o início da operação das usinas projetadas até o momento, esse consumo passará para cerca de 19 milhões. A cadeia do carvão hoje movimenta aproximadamente R$ 8 bilhões por ano e é responsável por pouco mais de 52 mil postos de trabalho.

Embora a possibilidade de inclusão do carvão no próximo leilão de energia tenha animado os investidores, o presidente da ABCM, Luiz Fernando Zancan, alerta para os preços que deverão ser negociados para que a geração seja viável. “Se tivermos como teto R$ 110,00 o MWh, como vem sendo cogitado, o uso do carvão não será viável”, afirma Zancan. Para ele, esse valor deve ser de no mínimo R$ 170,00 tendo como parâmetro os preços do último leilão, de 2005, que foi de R$ 124,00. “Se corrigirmos esse teto vamos chegar a R$ 170,00 a preços de hoje”, afirma Zancan.

Segundo ele, a viabilidade do uso do carvão poderá resultar em investimentos de R$ 13 bilhões para novas plantas nos próximos sete anos, caso todos os projetos previstos no momento sejam executados até 2020.

O principal produtor de carvão do país é o Rio Grande do Sul, com 90% das reservas do combustível. Somente a jazida de Candiota responde por 38% da produção nacional e as usinas instaladas no município produzem 796 MW. Ainda no Estado, Charqueadas, com 72 MW, e São Jerônimo, com 20 MW, totalizam 888 MW. Em Santa Catarina, segundo maior produtor do país, as jazidas correspondem a 10,4 % do total das reservas nacionais e a geração do Estado chega a 857 MW. Outros três grandes projetos encontram-se nas Regiões Norte e Nordeste, somando mais 1.080 MW.

A térmicas do Complexo Industrial do Porto de Pecém (CE) já estão despachando 720 MW para o Sistema Nacional Integrado (SIN) e no Porto de Itaqui (MA), em funcionamento desde fevereiro, há uma geração de mais 360 MW, ambas pertencentes à MPX.

A empresa estuda ainda investir na geração de mais 1,3 mil MW no Sul, em usinas combinadas de carvão e biomassa. Outro grande projeto que deverá ser desengavetado é o da Usina Termelétrica Sul Catarinense (Usitesc), com obras previstas para começar este ano e custo estimado de R$ 1,6 bilhão, devendo criar cerca de cinco mil postos de trabalho diretos e indiretos. O empreendimento deverá gerar 440 MW e segundo o diretor da empresa, Kaioá Gomes, serão utilizados equipamentos de última geração, que deverão reduzir em até 90% a emissão de poluentes.

Toda essa movimentação, em torno de novos investimentos e o frenesi com a inclusão do carvão no próximo leilão de energia, não passou despercebida das ONGs que atuam na preservação do meio ambiente. O representante da WWF, Pedro Bara, afirma que a falta de iniciativa do governo em estimular o aumento do uso de fontes menos poluentes está abrindo espaço para o carvão. “Os investimentos da Petrobras em novos campos de gás não avançaram, assim como o estímulo à geração por meio de biomassa”, afirma.

Ricardo Zamora, que representa o Governo do Rio Grande do Sul no Grupo de Trabalho do Carvão, afirma que as térmicas usam tecnologia moderna que reduz consideravelmente as emissões.