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Suzano aposta em lignina, presente no Eucalipto, para gerar energia

Molécula que confere resistência às árvores está presente em cerca de 25% da madeira do eucalipto.

Suzano aposta em lignina, presente no Eucalipto, para gerar energia

Uma molécula que confere resistência às árvores e que está presente em cerca de 25% da madeira do eucalipto pode se tornar uma fonte alternativa de energia para a indústria de papel e celulose nos próximos anos. E, futuramente, poderá ser utilizada em produtos que vão de dispersantes para asfaltos a rações animais.

A lignina, com poder calorífico que corresponde a dois terços do óleo combustível, é extraída desde novembro de 201, a partir da inauguração da primeira planta de extração da América Latina operada pela Suzano Papel e Celulose na unidade de Limeira, no interior de São Paulo. A planta contou com R$ 1 milhão em recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e tem capacidade de produção de mil toneladas por mês.

No processo tradicional de produção de celulose, a lignina é um dos componentes, ao lado da hemicelulose, do chamado “licor negro”, um fluido cuja queima em caldeiras é utilizada de forma maciça pela indústria papeleira para a produção de energia.

A tecnologia desenvolvida pela Suzano envolve separar a lignina do fluido, em um processo que reduz a acidez do licor e petrifica a molécula. As grandes fábricas têm supercapacidade de produção de licor negro, o suficiente para gerar energia e vender o excedente. “O desafio é justamente extrair a lignina e encontrar aplicações que possam agregar mais valor do que a queima e a produção de energia”, diz Fabio Figliolino, gerente-executivo de pesquisa, desenvolvimento e inovação da Suzano.

O principal desafio da planta em Limeira é desenvolver o potencial da lignina como substituta de derivados do petróleo em diferentes aplicações comerciais.

Uma das possíveis utilizações, explica o executivo, é a fabricação dos chamados lignosulfonatos, produtos químicos provenientes da lignina que sofrem processo de sulfonação (quando a molécula se torna solúvel em água) e podem ser utilizados como dispersantes para concreto, ração animal ou mesmo na composição de produtos químicos especiais ou mesmo fármacos. Outra possibilidade é sua utilização para a fabricação de bioplásticos. “Acreditamos já ter alguma aplicação definida no próximo ano, a partir das pesquisas na planta piloto”, adianta Figliolino.

Iniciativas como a da planta de lignina fazem parte da estratégia da Suzano, explica o gerente, de “olhar para floresta e tirar mais valor do que a produção de papel e celulose”. São, também, resultado de uma mudança estratégica da empresa, iniciada em 2008 e que culminaram com o desenvolvimento do “Projeto Inovação”. Após 15 meses de estruturação, que contou com o auxílio da consultoria em gestão Macroplan, o projeto unificou os investimentos em pesquisa e inovação com estratégias tecnológicas que buscam aumentar a produtividade nas florestas, a eficiência dos processos produtivos e agregar valor aos produtos. A equipe responsável por encontrar novas soluções na Suzano conta atualmente com 52 profissionais – sendo nove mestres e doutores – e 165 pesquisadores externos.

“O primeiro elemento de nossa estratégia tecnológica é reunir informações de como a empresa deseja caminhar pelos próximos cinco ou dez anos, com a opinião de acadêmicos, cientistas e pesquisadores sobre como o setor e a tecnologia se desenvolverão. Essa estratégia tecnológica busca entender o negócio e a ciência e é no valor dessas metas que definiremos o apetite da Suzano”, afirma Figliolino.