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RH

Profissionais de ciências agrárias se dividem entre o campo e a cidade

Setor administrativo das empresas e entidades independentes se tornaram opções de mercado.

Profissionais de ciências agrárias se dividem entre o campo e a cidade

Botas e calças sujas de terra não fazem parte da rotina de todos no agronegócio. À medida que um número maior de profissionais do setor divide tempo entre o campo e o escritório, habilidades de gestão, marketing e finanças são cada vez mais exigidas. Outra demanda crescente é enxergar o cenário além das próprias porteiras: entender bem como o negócio entra ao longo da cadeia produtiva.
 
“Os ambientes profissionais já são bastante diversos”, afirma o diretor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo (USP), José Vicente Caixeta. Bancos especializados e empresas de exportação, por exemplo, preferem colocar profissionais das ciências agrárias nos cargos de liderança. “Eles têm mais embasamento para tomar decisões nas várias etapas de um projeto”, defende.

Para atender a essa demanda, as faculdades se preocupam com formação multidisciplinar e atenta a questões sociais e ambientais. “O aluno deve ter boa leitura do contexto econômico”, diz o coordenador do curso de Engenharia Florestal da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Saulo Guerra. Aos alunos, a dica é participar de atividades extracurriculares que desenvolvam a capacidade de empreender e administrar.

Mas a ligação próxima com a cidade não elimina a vivência em granjas e fazendas: a prática, confirmam professores, é essencial para aprimorar a qualidade técnica. A forte cobrança por alimentos saudáveis e de melhor qualidade, para especialistas, pressiona as empresas a terem maior controle sobre a produção, desde insumos e tecnologias até o consumidor. “Redes de supermercado e de fast-food se aproximaram do mundo agropecuário nos últimos anos”, afirma José Luiz Tejon, coordenador do núcleo de Agronegócios da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).

A busca dos laboratórios por profissionais da área também está em alta – sobretudo geneticistas e veterinários especializados. “Mas falta trazer mais nutricionistas, necessidade percebida pela sociedade e tendência em outros países”, diz Tejon. Outros nichos promissores são a produção de biomassa, como alternativa energética, e atuação nas entidades independentes, como associações ou organizações não governamentais voltadas à defesa animal ou dos consumidores.

Depoimento – Nathália Portela, estudante de Agronomia

“Sou de São Paulo (capital) e tive só um pouco de contato com o campo, pois minha avó e minha tia têm chácaras. Nunca foi tão frequente, mas sempre me identifiquei com esse universo. Optei pela Agronomia por ser um campo vasto. É um curso puxado e diversificado: temos desde práticas até disciplinas de ciências sociais. É legal porque uma aula se conecta à outra para entender o todo.”

Depoimento – Antônio Carlos Ortiz, vice-presidente da Rabobank

“Essa capacidade de ver a cadeia de modo sistêmico é fundamental. Para meu trabalho no banco, a formação técnica ajuda de duas formas: você fala a mesma língua que seu cliente e entende como o negócio funciona. Faz diferença também o entendimento sobre gestão e finanças. Hoje existe um mercado enorme de empresas e organizações que buscam agrônomos que saibam fazer contas, analisar e resolver problemas.”