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Economia

Produtividade da indústria brasileira é preocupante, diz entidade

Dados da Fiesp revelam que a produtividade da indústria brasileira está muito abaixo do que a de países competitivos. Mas é possível reverter esse panorama. Saiba como.

Recentemente, a Federação das Indústrias de São Paulo (FIESP) revelou um dado preocupante: a produtividade dos trabalhadores da indústria no Brasil é cerca de quatro vezes menor que a produtividade média dos trabalhadores industriais de países considerados competitivos – Estados Unidos, Suíça, Noruega, Hong Kong, Cingapura, Coréia do Sul, Japão, Holanda, Suécia, Israel e Alemanha.

Segundo o levantamento, em 2010, um trabalhador da indústria brasileira produziu o equivalente a US$ 26.236, enquanto que trabalhadores de países competitivos chegaram a produzir US$ 100.166 ao ano.

Apesar de alarmantes, para Luiz Carlos Freire Cimatti, sócio-diretor da LC Consultorias, estes números não são surpreendentes. “A busca pela produtividade deve passar pela associação do trabalho das quatro ciências de uma empresa – administração, engenharia, finanças e marketing. No entanto, principalmente no Brasil é bastante comum que se valorize apenas uma ou duas dessas ciências e, assim, deixa-se de lado as outras, que são igualmente importantes”, analisa.

Para o consultor, o resultado disso é a queda na produtividade e também na lucratividade. Mas o que as indústrias brasileiras precisam fazer para conseguir reverter esse panorama?

Os vilões da produtividade

Antes de falar em soluções, Cimatti aponta quais são os vilões da produtividade, que devem ser combatidos todos os dias dentro das indústrias: “além da desvalorização das quatro ciências, a falta de  ações efetivas nas horas produtivas e, principalmente, nas horas improdutivas, as políticas gerenciais inadequadas e o não uso de ferramentas gerenciais que dimensionem tudo acabam fazendo com que a produtividade seja muito menor do que a desejada”.

Para resolver esses problemas, ele aponta as seguintes soluções:

1) Fichas de processos – Os processos produtivos de cada item devem ser minuciosamente e fielmente descritos para serem racionalizados. Operação por operação, máquina por máquina, setor por setor precisam ser detalhados;

2) Controle de horas paradas – É imprescindível registrar, analisar, acompanhar e controlar as horas improdutivas de uma empresa para otimizar o trabalho e assim ganhar produtividade. A experiência de Cimatti confirma perdas de até 40% das horas disponíveis nas empresas brasileiras;

3) Controle das horas produtivas – Para o consultor, as indústrias brasileiras se concentram na racionalização dos tempos padrões achando que estão agindo nos tempos totais – o que não estão. Ele explica que nos processos produtivos atuam os seguintes tempos:

a) Tempo de Preparação: tempo para preparar uma máquina ou célula para produzir um determinado item;

b) Tempo Padrão: tempo que um operário treinado normalmente leva para produzir um item;

c) Permissões: é o tempo que se perde com necessidades pessoais, recebimento de instruções, ritmo, posição de trabalho, etc.;

d) Tempo Total = tempo de preparação + tempo padrão + permissões.

4) Gestão das Pessoas – sem uma efetiva entrega de valor às pessoas que geram os resultados não se atinge a plenitude na produtividade;

5) Análise/Engenharia de Valores – técnica que deve ser utilizada tanto na criação do produto quanto posteriormente para racionalizá-los;

6) Políticas e ferramentas gerenciais adequadas de: Custeio, Horas Paradas e Precificação – são necessárias para administrar tudo e subsidiar as decisões;

7) Participação da Alta Direção – é imprescindível a participação direta da alta direção na liderança de todas as etapas.

Depois de adotadas essas medidas, Cimatti é taxativo: “com isso, a produtividade só tende a aumentar. E o resultado no médio e longo prazo é o aumento da lucratividade”, conclui.

Dados da FIESP

·         De 2000 a 2010, a produtividade dos trabalhadores industriais dos países competitivos cresceu 66%, enquanto que a do Brasil cresceu 30%;

·         Se considerado o total de trabalhadores no País (incluindo os da agropecuária e do setor de serviços), a variação da produtividade nesse mesmo período fica em 47,2%, menor do que a do grupo dos países que mais aumentaram a competitividade nos últimos anos*, que chegou a 65,1%;

·         Para a FIESP, além de mudar a carga tributária o Brasil precisa melhorar a eficiência nos gastos públicos em educação, com o aumento da escolaridade e da qualidade de ensino;

·         A entidade ainda revelou que até 2009 o número de engenheiros formados no Brasil era equivalente a 7% do total de formandos, o que significa uma média de 2,9 engenheiros para cada 10 mil habitantes. Na China, 36% dos formandos são engenheiros – média de 14,4 para cada grupo de 10 mil habitantes.