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Economia

Previsões reafirmam PIB inferior a 3% em 2011

Recuperação da economia no quarto trimestre não deverá ser suficiente para garantir crescimento de 3% neste ano.

Após estagnação no terceiro trimestre e retração em outubro, a atividade econômica deve esboçar recuperação modesta nos meses finais do ano, avaliam economistas consultados pelo Valor, que não será, no entanto, suficiente para um crescimento de 3% em 2011. A maioria dos analistas ouvidos não revisou suas projeções para o PIB deste ano após a divulgação do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) de outubro, que mostrou queda de 0,32% em relação a setembro, feitos os ajustes sazonais, mas acredita que o dado ruim pode estar provocando uma nova rodada de reduções em estimativas um pouco mais otimistas.

Depois de divulgado o indicador do BC que tenta antecipar o comportamento do PIB, na semana passada, o Boletim Focus de ontem mostrou nova baixa nas expectativas do mercado para o PIB de 2011 – a quarta consecutiva – dessa vez, marginal, de 2,97% para 2,92%. Há um mês, a mediana dos analistas consultados estava em 3,16%. Para 2012, foram mantidas as estimativas em 3,4%.

Ainda há espaço para novos cortes nas projeções para o PIB deste ano, afirma o economista Fabio Ramos, da Quest Investimentos. Levando em conta o recuo da atividade em outubro, Ramos revisou para baixo sua previsão para a expansão do PIB no quarto trimestre frente ao terceiro, descontadas as sazonalidades, de 0,3% para 0,2%. Assim, sua estimativa para o crescimento do PIB no ano foi reduzida de 2,8% para 2,7%. “O Focus não traz grandes novidades, mas no conjunto reflete uma menor confiança no crescimento tanto em 2011 como em 2012.”

Mesmo com a redução, Ramos destaca que sua previsão para o último trimestre do ano possui um viés de baixa, já que dados preliminares de dezembro indicam um ritmo mais modesto da economia do que em novembro, mês no qual o IBC-Br deve ter avançado 0,5%, segundo suas estimativas.

No mês passado, as vendas de automóveis aumentaram 14,6% na comparação com outubro, segundo dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). Na primeira quinzena de dezembro, no entanto, foi registrada queda de 1,2% em relação a igual período de novembro.

Para o sócio-diretor da RC Consultores, Fabio Silveira, o encolhimento da atividade captado pelo IBC-Br em um outubro não é o único fator que está atuando sobre as expectativas. “Houve uma gradativa piora na evolução da economia no segundo semestre, com o enfraquecimento muito acentuado da produção industrial, o menor crescimento da massa salarial e da ocupação e resultados fracos no comércio.”

Desse modo, projeta Silveira, o PIB do quarto trimestre deve ficar novamente estagnado e a expansão em 2011 será de 2,8%. “A produção industrial não evoluiu tanto e acredito que as medidas para estimular o consumo só deverão fazer efeito no ano que vem”, sustenta, referindo-se à redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para boa parte da linha branca e ao desmonte parcial das medidas macroprudenciais.

O economista-chefe da Prosper Corretora, Eduardo Velho, aposta em crescimento de 0,5% no PIB do último trimestre ao considerar um desempenho além do esperado do setor agropecuário, como aconteceu no terceiro trimestre do ano, mas pondera que sua projeção para o ano, de 2,97%, tem viés de baixa. “Teremos vários efeitos ajudando a economia no último trimestre, como a ação defasada do corte de juros, a redução de estoques na indústria e o estímulo ao consumo, mas nada impede um PIB abaixo de 3%.”

Velho vê como um dado positivo o fato de o mercado ter parado de revisar para baixo suas projeções de avanço do PIB para o ano que vem, e acredita que os analistas já estão embutindo os efeitos “animadores” do afrouxamento monetário e do conjunto de medidas tomadas pelo governo para reaquecer a economia.