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Biomassa

Pesquisadores do Ceará estudam uso de casca de banana em embalagens e no lugar de produtos à base de petróleo

Estudo ocorreu a partir da substância lignina, normalmente descartada da fruta

Pesquisadores do Ceará estudam uso de casca de banana em embalagens e no lugar de produtos à base de petróleo

Pesquisadores do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), do Campus Iguatu, estudaram o reaproveitamento de substâncias das cascas de bananas. Umas das metas é usar em espaços como a indústria de alimentos, como um dos componentes de embalagens ou como potencial substituta de produtos que hoje são à base de petróleo, como polímeros em geral.

O estudo ocorreu a partir de uma substância encontrada na casca de banana, a lignina: esse resíduo é normalmente descartado da fruta, mas foi base dessa pesquisa, coordenada por pesquisadores cearenses do Grupo de Biopolímeros e Materiais Avançados (BioMat) do IFCE de Iguatu, no interior do Estado.

PUBLICAÇÃO INTERNACIONAL
Intitulado como “Avaliação da capacidade antioxidante e citotoxicidade de lignina organossolve da casca da banana”, o objetivo do estudo foi avaliar a relação estrutura – propriedade das ligninas da casca de banana (BPLs) como agentes antioxidantes e antimicrobiano. O trabalho foi publicado na revista International Journal of Biological Macromolecules. 

Segundo os pesquisadores, a lignina tem possibilidade de aplicações na indústria alimentícia, na farmacêutica e no setor de produtos que hoje usa derivados de petróleo para fabricação de pesticidas, fertilizantes, polímeros e aditivos para concreto.

“O processo utilizado foi o organossolve, na casca de banana. Ele permite o fracionamento de biomassa vegetal em celulose, hemicelulose e lignina com grande grau de pureza”, explica o professor responsável pela coordenação do projeto, Francisco Avelino.

OBJETIVO DO ESTUDO
“A ideia, na verdade, era estudar, tanto o processo da obtenção a partir desse resíduo, de forma a avaliar quais eram as variáveis envolvidas no processo na estrutura da lignina, e consequentemente essa estrutura teve influência na propriedade tanto antioxidante como antimicrobiana como foi estudado no projeto”, pontua Avelino. Ele acrescenta: “Uma das aplicações é a opção dessa lignina como aditivo em embalagens alimentícias, é algo bem estudado porque alguns alimentos muitas vezes não tem muita capacidade de absorção da radiação UV que vai degradar o material.”

Já na propriedade antioxidante microbiana, Avelino cita que a substância vai prolongar a vida dos alimentos nas prateleiras, “mas também tem outras aplicações como, por exemplo, aditivos em resinas que são materiais mais grosseiros para pintura industrial, até mesmo com componente cosmético”. Os resultados influenciam no modo de vida das pessoas, nos processos industriais, na valorização da natureza e dos resíduos, aponta o professor.

A longo prazo, o professor fala usar a casca de banana, após o processo organossolve, em remoção de compostos, como metais pesados. Quanto à lignina, a pretensão é aplicar em formulações cosméticas ou em alguma resina, como aditivo.

PRODUÇÃO DE BANANA EM IGUATU FAVORECE PESQUISA
Apesar de ter sido usado como base a casca da banana, a lignina pode ser encontrada em outros vegetais. No entanto, em Iguatu, a produção de banana é mais forte, o que favoreceu a utilização na pesquisa, conforme o coordenador Avelino. 

“Principalmente na região do Centro-Sul, vai ter um grande produtor de banana. Tanto seria um resíduo doméstico, porque as pessoas comem a fruta e acabando descartando a casca, como também um resíduo da indústria porque a indústria que utiliza a banana para a fabricação de doces, acaba descartando a casca, ou então reaproveitando nas indústrias, no caso, como combustíveis para os fornos, mas é uma aplicação pouco nobre, que acaba desperdiçando a produção química dela para gerar energia”, esclarece. 

PESQUISA
De acordo com Avelino, a pesquisa foi um projeto de iniciação científica que envolveu um aluno do curso de licenciatura em Química no IFCE do Campus Iguatu, em agosto de 2019, e depois precisou ser substituído. Por causa da pandemia, o projeto durou um pouco mais de um ano para ser desenvolvido.

O trabalho foi financiado pela Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FUNCAP) e também contou com o apoio da Embrapa Agroindústria Tropical e da Universidade Federal do Ceará (UFC).