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Mercado Interno

Paraná quer tornar agricultura mais sustentável

Seab expande o programa "Acerte o Alvo" para todo o Estado com o objetivo de otimizar a aplicação de defensivos.

Paraná quer tornar agricultura mais sustentável

O problema da deriva na aplicação de defensivos agrícolas volta a preocupar os órgãos de agricultura e meio ambiente do Paraná. De acordo com o secretário de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), Norberto Ortigara, o modo correto de aplicação não tem sido adotado em muitas propriedades paranaenses. O secretário reclama que está havendo um exagero no número de aplicações de agrotóxicos nas lavouras do Estado, principalmente nas culturas de soja e milho. “Três ou quatro aplicações para combater uma ferrugem, por exemplo, é desnecessário”, enfatiza. Deriva, segundo especialistas, é quando o agrotóxico pulverizado “escapa” da área em que deveria ser aplicado.

O uso inadequado desses produtos acendeu o alerta vermelho na secretaria, que já organizou um pacote de medidas para aumentar a eficiência e tornar a agricultura uma atividade mais produtiva e sustentável. Uma delas é a expansão para todo o Estado do Programa Estadual de Melhoria da Qualidade das Aplicações e Combate das Derivas de Agrotóxicos (Acerte o Alvo), que tem por objetivo mostrar aos produtores, por meio da assistência técnica, a forma adequada de quando e como aplicar um produto químico na lavoura.

Criado em 2004, em Londrina, pela Seab, com apoio do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Associação Norte Paranaense de Revendedores Agroquímicos (Anpara), entre outros parceiros, o programa oferece suporte ao produtor na hora da aplicação. Lançado oficialmente na quinta-feira (5) para todo o Estado na sede da Associação dos Engenheiros Agrônomos de Londrina, o projeto espera capacitar, até 2018, 24 mil produtores e aplicadores de agroquímicos e 2,4 mil profissionais ligados à assistência técnica e extensão rural espalhados por todo o Paraná.

Ortigara revela que muitos produtores estão jogando dinheiro fora, além de “emporcalhar o meio ambiente”. “Precisamos utilizar esses produtos de forma responsável, sem desperdícios, verificando sempre se os bicos de pulverização estão bem regulados”, aponta o secretário. Ele completa que os agroquímicos só devem ser usados quando realmente for necessário.

Nelson Harger, engenheiro agrônomo do Emater, explica que as más aplicações ocasionam a deriva. “Se um agricultor não faz o processo corretamente, ele provavelmente irá ter que fazer uma nova aplicação”, lamenta o técnico. Ele completa que o objetivo do Acerte o Alvo é articular e implementar ações de monitoramento e aperfeiçoamento dos produtores paranaenses. Por ano, o especialista do Emater espera que 4 mil produtores sejam treinados.

Atenção – Harger salienta que aplicar defensivos não é uma tarefa fácil, por isso é necessário apoio técnico. Antes de iniciar o processo, o especialista recomenda a verificação do sistema de filtro do pulverizador. “Muitos aplicadores não se atentam à essa necessidade.” Harger destaca que é comum ver nas propriedades problemas como falta de limpeza das máquinas, equipamentos inadequados para o tamanho da área, entre outras situações.

O técnico explica que um pulverizador grande necessita de uma área maior. Ele completa que geralmente os produtores que utilizam equipamentos maiores em áreas menores acabam destruindo os terraços, ocasionando outro problema crescente no Estado que é a erosão. “Queremos que os produtores apliquem apenas nas plantas, na quantidade indicada, e com os bicos calibrados”, descreve.

O presidente do Emater, Rubens Ernesto Niederheitmann, destaca que o trabalho já é desenvolvido em Londrina e tem dado certo. Porém, o tema tem ficado esquecido, e precisa ser retomado. “Queremos produzir de forma sustentável”, observa o presidente da entidade. O secretário Norberto Ortigara completa que o Estado tomou a consciência de que é necessário mudar a atual situação.