Mesmo estabelecida, indústria eólica quer vencer desafios
Setor luta para preservar cadeia de fornecedores, superar entraves na logística e por realização de certames
Apesar de já se encontrar em um estágio de maturidade, a indústria eólica no país ainda luta para superar desafios, como a cadeia de fornecedores, a dificuldade na logística e até mesmo passar por ajustes nas regras do Finame. Mesmo com a confirmação da realização de dois certames esse ano, se a não contratação perdurar ou pode haver impacto na cadeia de fornecedores. De acordo com Rosana Santos, diretora de produto e Estratégia de Marketing da GE, a política industrial não pode se dissociar da política energética nesse caso. “A teia de fornecedores e subfornecedores é longa. Se acontecer um tropeço, vamos ter que repensar, porque não se aguenta três ou quatro anos sem volume”, explica a executiva, que participou de painel no Brazil Wind Power no Rio de Janeiro (RJ).
A necessidade da previsibilidade dos certames foi reforçada pelo presidente da Wobben, Fernando Real. Ele conta que o foco da empresa está na redução de custos. A expectativa do executivo é que o leilão seja bom para a fonte, mas classificou o resultado como imprevisível. Com um forte programa de treinamento, a unidade brasileira da Wobben exporta pás, o que segundo ele, só aconteceu devido aos níveis de qualidade e produtividade altos alcançados.
João Paulo Gualberto da Silva, diretor de Energia Eólica e Solar da WEG, atacou a situação da logística e da infraestrutura do país, lembrando percalços que a empresa teve por conta da recusa da Polícia Rodoviária Federal em fazer a escolta do transporte de determinados equipamentos eólicos nas estradas. “O que deveria ser o mínimo, o estado não faz”, frisa. Real, da Wobben, citou que ela já teve que construir uma ponte para solucionar problemas no transporte. “Temos que nos unir mais e buscar solução”, avisa.
Embora bem avaliada, os fabricantes sugerem que a linha de financiamento Finame também poderia sofrer ajustes suaves. Com uma cadeia já bastante adensada, há componentes que não são bons no Brasil e pouco competitivos com os importados, devendo-se manter a fabricação local do aerogerador. A incapacidade de se enquadrar na linha todos os aerogeradores das carteiras das empresas também é outro ponto. Mudanças nas regras deveriam ser feitas com extremo cuidado. “O conteúdo local eólico é um caso de sucesso que tem que ser mantido”, diz João Gualberto, da WEG
A diretora da GE almeja uma contratação de 1,5 GW a 2 GW nos certames desse ano. Esse montante seria capaz de suprir a indústria eólica. Embora a fonte tenha se mostrado a mais competitiva nos últimos anos, a disputa com outras que também não tiveram contratação torna o cenário mais difícil. Sem muito otimismo, Gualberto, da WEG, não acredita em resultados expressivos nos dois leilões. Ele aposta que os leilões que poderão ser realizados no que vem deverão ter uma contratação maior que os desse ano. “Não acho que vai haver uma contratação espetacular esse ano. Tomara que eu esteja errado.
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