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Biocombustível

Mais recursos para projetos de produção de etanol celulósico

BNDES e Finep esperam aprovar, até o fim deste semestre, a liberação de R$ 2 bilhões para projetos do Plano Conjunto BNDES-FINEP de apoio à Inovação Tecnológica Industrial no Setor Sucroenergético e Sucroquímico (PAISS).

Mais recursos para projetos de produção de etanol celulósico

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) esperam aprovar, até o fim deste semestre, R$ 2 bilhões para projetos do Plano Conjunto BNDES-FINEP de apoio à Inovação Tecnológica Industrial no Setor Sucroenergético e Sucroquímico (PAISS). Até o momento, foram aprovados R$ 1,5 bilhão no âmbito do plano, para cerca de 20 planos de negócios diferentes.

BNDES e Finep também estimam efetivamente desembolsar, ainda em 2013, R$ 500 milhões (R$ 250 milhões cada) para projetos aprovados. Esses projetos estão distribuídos em três linhas de pesquisa, e a maior parte deles envolve o desenvolvimento de tecnologias economicamente viáveis para a produção de etanol celulósico (linha 1). Mas há planos nas áreas de bioquímicos (linha 2) e gaseificação (linha 3), sempre usando como matéria-prima a biomassa da cana-de-açúcar.

O chefe do Departamento de Biocombustíveis do BNDES, Carlos Eduardo Cavalcanti, afirma que, do total já aprovado de R$ 1,5 bilhão do PAISS, R$ 899 milhões serão desembolsados pelo BNDES e o restante, pela Finep. A maior parte se refere a empréstimos. Apenas um projeto, da empresa GraalBio, será de investimento por meio da BNDESPar.

O braço de participações do banco vai aportar R$ 600 milhões por uma fatia de 15% de toda empresa. A GraalBio está em fase pré-operacional, mas tem projetos de investimentos de R$ 4 bilhões na construção de quatro usinas de etanol de segunda geração (celulósico), duas unidades bioquímicas e duas biorrefinarias flexíveis, que podem produzir tanto etanol de segunda geração como bioquímicos. No PAISS, a GraalBio também obteve aprovação de R$ 130 milhões via Finep.

Trata-se da maior aposta do programa até o momento. Os outros projetos aprovados têm valores mais modestos. Na linha 2, de bioquímicos, está o projeto de Bunge e Solozyme, de R$ 295 milhões, para implantação de uma fábrica de óleos à base de cana na usina Moema, em Oriundiuva (SP), que deverá ser inaugurada no último trimestre deste ano.

A lista de projetos aprovados também inclui um de gaseificação do Centro de Pesquisa (Cenpes) da Petrobras, de R$ 250 milhões (recursos da Finep), um da Solozyme também na área oleoquímica, de R$ 30 milhões, e outro da empresa DSM com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), que visa adaptar as leveduras da DSM na fermentação do caldo da cana. Este é o único plano aprovado que receberá recursos não reembolsáveis via Finep.

De acordo com o chefe do Departamento de Biocombustíveis do BNDES, há outros 15 planos de negócios em análise, que somam R$ 1,6 bilhão. Entre eles o do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), controlado pelas gigantes Copersucar e Cosan, que busca no PAISS R$ 230 milhões em recursos da Finep e R$ 65 milhões do BNDES para seis planos de negócios, entre eles um que inclui uma planta de etanol celulósico.

Há, ainda, dois projetos da ETH Bioenergia, agora denominada Odebrecht Agroindustrial. Um deles é tocado em consórcio com outras empresas e visa o desenvolvimentos de uma rota própria de etanol celulósico que, do PAISS, demandará R$ 100 milhões. Alguns projetos que estiveram na primeira lista selecionada do PAISS foram retirados por decisão das próprias empresas. Entre eles está um plano da espanhola Abengoa, que já atua no segmento sucroalcooleiro com produção de etanol de primeira geração.

Cavalcanti reconhece que a carteira do PAISS, por ser formada por projetos de pesquisa, tem mais riscos em relação às carteiras convencionais do Departamento de Biocombustíveis. No entanto, é preciso considerar, segundo ele, que projetos isolados foram agrupados em parcerias, o que já funcionou como um mitigador de riscos. Além disso, reforçou o executivo, os agentes tomadores do recursos são grupos com menor risco financeiro.

O gerente setorial do Departamento de Biocombustíveis do BNDES, Arthur Milanez, explica que os projetos estão em fases diferentes de maturação, mas que, a partir do final de 2014, a primeira planta de etanol de segunda geração estará em funcionamento (a da GraalBio). O PAISS espera que os outros projetos tragam, no médio prazo, ganhos de produtividade para a cana de até 40%, tendo em vista a redução dos custos de produção e a retomada da competitividade do segmento do Brasil. “O futuro dos investimentos no setor será o de reformar usinas já existentes para acoplar o etanol 2G. As usinas greenfields [construídas do zero] já vão nascer 2G”, prevê.

Por conta da baixa atratividade econômica, os investimentos no segmento sucroalcooleiro caíram nos últimos anos. Em 2012, o BNDES, o principal agente de financiamento de longo prazo dessa indústria, desembolsou R$ 4,2 bilhões, 29% menos do que no ano anterior e o menor nível desde o início do “boom do etanol”, em 2007. Para 2013, o banco espera que os desembolsos totais ao segmento alcancem R$ 5 bilhões, impulsionados pelos projetos do PAISS, pelas liberações de recursos para renovação de canaviais e pelos projetos de reformas de usinas existentes.