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Equipamentos

Incertezas no horizonte para setor de máquinas

"Ao fim de 2012, não havia essa perspectiva de aperto fiscal", afirma Rego. Há ainda incertezas sobre câmbio, eleições, além de perspectiva de rentabilidade agrícola um pouco menor ante 2014, observa o dirigente.

Incertezas no horizonte para setor de máquinas

Depois de um ano de recorde para a produção e as vendas internas de máquinas agrícolas no país, 2014 não deverá ser tão promissor para o setor, principalmente por conta das incertezas sobre a disponibilidade de recursos para o Programa de Sustentação do Investimento (PSI, do BNDES). A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), que representa empresas do segmento no país, ainda não divulgou suas previsões para 2014, mas Milton Rego, vice-presidente da entidade, estima um ano de estabilidade para as vendas de máquinas.

Rego, porém, admite que o cenário ainda é um pouco “nebuloso”. Embora as condições para o PSI tenham sido divulgadas no início deste mês – os juros subiram de 3,5% para 4,5% ao ano para micro e pequenas empresas, e para 6% ao ano nos contratos de grandes companhias -, persistem as preocupações em relação ao fluxo de recursos para o programa em 2014. O orçamento do PSI ainda será definido pelo governo, mas há sinais de que será menor que os R$ 100 bilhões de 2013 em função das novas condições do programa.

“Ao fim de 2012, não havia essa perspectiva de aperto fiscal”, afirma Rego. Há ainda incertezas sobre câmbio, eleições, além de perspectiva de rentabilidade agrícola um pouco menor ante 2014, observa o dirigente.

As vendas de colheitadeiras, geralmente mais fortes no primeiro trimestre, já deverão ser impactadas pelo aumento dos juros do PSI e pela regulamentação das novas condições, prevê Rego. Assim, a comercialização em 2014 não deverá repetir 2013, quando cerca de 8 mil unidades foram comercializadas, um recorde.

Nos últimos anos, o setor foi impulsionado pela boa capitalização dos produtores, juros atrativos do PSI e necessidade de renovação do maquinário. Em 2013, a comercialização interna deverá chegar a 83 mil unidades – até novembro totalizou 77,2 mil unidades – desempenho histórico, acima do recorde de 1976, quando havia forte incentivo governamental.

A produção também é recorde. De janeiro até novembro, foram 94 mil máquinas, superando até mesmo o volume de 2010 – de 88 mil unidades. Entretanto, as exportações continuam perdendo competitividade e esse cenário deve perdurar em 2014, acredita Rego. Em 2004, por exemplo, o Brasil chegou a embarcar 31 mil unidades, segundo a Anfavea. No acumulado deste ano até novembro exportou apenas 14,6 mil unidades, queda de 5,1% sobre igual intervalo de 2012.

Na avaliação de André Carioba, vice-presidente sênior e gerente geral da AGCO para a América do Sul, será quase impossível repetir o recorde de 2013 no próximo ano. Ele estima que as vendas internas da companhia terão um desempenho entre 5% e 10% inferior ao deste ano.

Este ano, a AGCO também registrará recorde nas vendas no Brasil. O faturamento deverá crescer cerca de 15% ante 2012, praticamente o mesmo aumento do volume comercializado. Globalmente, a companhia deverá registrar receita de US$ 11 bilhões, 10% maior que em 2012.

Mas Carioba também demonstra preocupação com os recursos disponíveis para o PSI em 2014. Segundo ele, o Ministério da Fazenda sinalizou R$ 40 bilhões a menos no ano que vem para o Finame, linhas de financiamento em que o PSI também está inserido. “É expressivo e preocupa”, diz.

Mas há quem esteja mais otimista em relação a 2014. Paulo Herrmann, presidente da John Deere Brasil e vice-presidente de vendas e marketing para a América Latina, estima que 2014 será muito positivo para a companhia no país, com os juros ainda competitivos do PSI, aumento de área plantada e preços das commodities agrícolas ainda acima da média histórica. A empresa não abre números específicos do desempenho no Brasil. A Deere & Co faturou US$ 37,7 bilhões em 2013, alta de 4,1% sobre 2012.

Herrmann afirma que companhia cresceu mais que o mercado brasileiro este ano e que em 2014 as vendas podem ficar estáveis. “Não tem por que olhar para 2014 e achar que será um ano ruim”, diz. O Brasil já é o segundo mercado para a multinacional americana, atrás apenas dos Estados Unidos.

A demanda brasileira por tratores de alta potência levou a John Deere a anunciar a nacionalização da série 8R, com investimento de US$ 40 milhões para a ampliação da fábrica de Montenegro (RS). Os tratores começarão a ser produzidos no país em 2015.

Esse é apenas um exemplo de que a tendência de crescimento do mercado de máquinas maiores e mais sofisticadas continuará, diante de variáveis como a mão de obra, preço da terra e antecipação da janela de cultivo, pondera Rego, da Anfavea.

A intensificação do uso das máquinas também é um dos fatores de expansão do mercado, crê Herrmann, da John Deere. “O equipamento trabalha mais vezes na mesma cultura”. Isso significa necessidade de renovação em menor tempo.