Fonte CEPEA

Carregando cotações...

Ver cotações

Entrevista

II Simpósio Produção Animal e Recursos Hídricos explora uso eficiente da água

Julio Palhares, pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste, explica quais serão os temas abordados em evento que acontece nos dias 22 e 23 de março.

II Simpósio Produção Animal e Recursos Hídricos explora uso eficiente da água

 O Simpósio Produção Animal e Recursos Hídricos tem segunda edição nos dias 22 e 23 de março, na cidade de São Carlos, interior de São Paulo. Pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste, Julio Palhares, detalha temas e importância do evento para cadeia produtiva em entrevista a seguir:

Gessulli Agribusiness – Um breve comentário explicativo sobre os temas das palestras.
Julio Palhares – A idéia do Simpósio Produção Animal e Recursos Hídricos é sempre trazer temas emergentes e importantes ao correto manejo hídrico das produções. Por isso, teremos um painel sobre a metodologia da pegada hídrica, assunto que tem dado muito conflito entre os atores das cadeias pecuárias brasileiras e mundiais e a sociedade. Devido aos resultados que foram divulgados, campanhas pela redução do consumo de proteína animal são veiculadas por diversas instituições e indivíduos. Além do baixo entendimento de todos sobre o método a forma como a divulgação tem sido feita é totalmente errada. O II SPARH se propõe a esclarecer o que é a pegada hídrica e como ela pode auxiliar no uso eficiente da água. O outro painel será sobre tecnologias de tratamento de resíduos animais, tema cada vez mais presente no cotidiano das produções devido às exigências das legislações e intensificação dos sistemas produtivos. Além dos dois painéis, palestras na temática de fisiologia animal, outorga de uso da água, coletas e análises de água em unidades produtivas, irrigação de pastagens e uso dos adubos animais e a relação com o manejo hídrico das produções pecuárias proporcionarão ao público novas visões.

G.A. – Qual a importância das pesquisas científicas focadas em recursos hídricos na produção animal?
Palhares – A principal importância é a manutenção dessas produções em quantidade e com qualidade. Todos sabemos que sem água não há produção animal, mas o tema ainda é marginal na comunidade científica brasileira e mundial. Principalmente, em países como o Brasil, onde se internalizou uma cultura de abundância hídrica, á água não é entendida como um recurso natural finito. Isso precisa mudar e certamente a pesquisa pode auxiliar nessa mudança gerando informações que demonstrem a necessidade de produzirmos de forma hidricamente correta. A pesquisa deve ser feita considerando as três dimensões da água em um sistema de produção: recurso natural, insumo e alimento.

G.A. – Quais os entraves encontrados no desenvolvimento das pesquisas científicas sobre o tema água?
Palhares – Precisamos de uma mudança de abordagem, entendendo a água nas suas três dimensões, bem como uma mudança cultural, que deve começar na formação de nossos profissionais agropecuários os quais tem muito pouca informação sobre manejo hídrico das produções e não visualizam as relações da água com sua atividade cotidiana. Também precisamos capacitar, educar e transferir conhecimentos para todos os atores das cadeias produtivas. A ciência não tem o papel de determinar o que deve ser feito, mas sim de colocar sobre a mesa as ferramentas disponíveis, tendo a sociedade e as cadeias produtivas a responsabilidade de escolherem as ferramentas necessárias. Sem dúvida enquanto não houver: aumento da geração de conhecimento explorando as relações da água com a produção animal, aproximação da comunidade científica com as cadeias produtivas e capacitação e educação de todos os atores, continuaremos na posição de reféns hídricos, ou seja, com pouca informação para manejar o recurso natural mais importante em um sistema produtivo pecuário.

G.A. – Há demandas e exigências do mercado externo, em relação aos métodos hídricos?
Palhares – De forma direta não. Mas alguns questionamentos começam a ser feitos como: qual quantidade de água por quilograma de carne, leite, lã, etc.? Qual a eficiência e produtividade hídrica de nossas produções? O que é feito com os efluentes e como esses são dispostos no solo? Esses questionamentos tendem a ser cada vez mais intensos, não só pelo mercado externo, mas também pelo interno, a medida que os valores ambientais dos brasileiros evoluam. Se o setor não souber dar essas respostas, mantemo-nos na condição de reféns hídricos, pois todos se acharão no direito de dizer o que deve ser feito, pois o próprio setor não faz ou não está mostrando o que faz. Metodologias de contabilização hídrica podem auxiliar na geração dessas respostas, pois um dos objetivos é identificar os fluxos hídricos de um sistema produtivo e a partir desta identificação, ações podem ser propostas a fim de melhorar o uso do recurso.

G.A. – Agregue toda e qualquer informação que julgue importante/interessante para difusão junto ao público do setor agropecuário.
Palhares – O II Simpósio Produção Animal e Recursos Hídricos tem como objetivo demonstrar e propor ações, processos, manejos e tecnologias que visem o uso eficiente da água pelos sistemas pecuários. Por isso, convidamos a todos os atores das diversas cadeias produtivas, gestores públicos e privados, profissionais e estudantes a participarem do evento. Essa será uma oportunidade de conhecer o que há de inovador na relação água e produção animal. O Brasil, como grande produtor de proteína animal e tendo como um dos fatores de sua competitividade a disponibilidade de água em quantidade e qualidade deve assumir posição de destaque no tema.

Informações sobre o evento e forma de inscrição podem ser obtidas em: www.cppse.embrapa.br/II-SPARH