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Bioenergia

Estudo destaca papel do biogás na economia da Amazônia

O potencial inclui lixo urbano, esgoto, biomassa florestal e resíduos de piscicultura e de pesca artesanal

Estudo destaca papel do biogás na economia da Amazônia

O uso do biogás na produção de energia pode ser uma possível chave para destravar o processo de desenvolvimento econômico e social da Amazônia, aponta estudo realizado pelo Instituto Escolhas. O trabalho sugere que seria possível produzir 461,3 mil metros cúbicos de biogás por dia na Região Norte apenas com resíduos sólidos de aterros sanitários, o que equivaleria a abastecer mensalmente com energia elétrica 190 mil residências com consumo médio de 150 kWh.

A estimativa é de que esse potencial possa chegar a 1,3 milhão de Nm3 (metros cúbicos normais)/dia, sem contar o valor não estimado de utilização de esgoto, biomassas florestais e resíduos de piscicultura e de pesca artesanal. O instituto analisa o papel potencial do energético e reforça a capacidade do biogás na produção de energia limpa e como indutor da bioeconomia, especialmente nos estados do Norte.

“As possibilidades de desenvolvimento econômico e social amazônico são dificultadas por questões socioambientais que, se corretamente enfrentadas, poderiam reduzir ou até mesmo extinguir as barreiras energéticas que impedem o melhor aproveitamento dessas potencialidades”, conclui o documento, que propõe a inclusão da fonte em políticas públicas e no planejamento energético nacional para a região e o país inteiro.

Dados da Associação Brasileira de Biogás e Biometano (Abiogás) identificam potencial energético no Brasil capaz de suprir quase 40% da demanda doméstica de energia elétrica e 70% do consumo nacional de óleo diesel considerando o uso do biometano, que é resultado da purificação do biogás. O energético pode ser escoado nas mesmas redes de distribuição de gás natural, o que inclui o transporte por carretas.

As iniciativas de produção de energia elétrica a partir do biogás seguem no país a mesma lógica de outras partes do mundo, onde a produção do insumo ainda é bastante concentrada dentro de cada país, afirma o estudo “Do lixo ao luxo: biogás na agenda da bioeconomia da Amazônia”. Metade do volume de biogás é produzido em São Paulo e no Rio de Janeiro.

O Amazonas é o nono colocado no ranking, com cerca de 2% do volume produzido em todo o país, ou 26,3 milhões de Nm³ anuais. Existe uma única planta de biogás no estado, instalada na capital Manaus.

“A geração de energia limpa do Biogás é a base sobre a qual vai se estruturar a cadeia de negócios da Bioeconomia na Amazônia. Um combustível produzido a partir de matéria orgânica, facilmente encontrada na floresta, e que pode transformar a questão energética na região, que hoje depende de uma complexa logística para levar óleo diesel por rios às mais isoladas cidades”, afirma o diretor executivo do Instituto Escolhas, Sergio Leitão. Para o instituto, o biogás pode incentivar a própria reflexão sobre a crença de que o gás natural  é o combustível da transição energética.

Potencial

O Brasil tem se destacado entre os países emergentes, com 521 plantas para fins energéticos em operação e volume de 1,345 bilhão de Nm³, originário de resíduos sólidos urbanos e de estações de tratamento de esgoto, segundo dados do Centro Internacional de Energias Renováveis (CIBiogás).Há outros 15 projetos em implantação e 12 em reformulação.

Somados, todos os empreendimentos já instalados ou em instalação tem um potencial de 1,779 bi m³/ ano. O detalhe, afirma o estudo do Instituto Escolhas, é que isso representa pouco mais de 1% do potencial de produção do combustível no país, que é em torno de 84,6 bilhões de Nm³ anuais considerando apenas as tecnologias disponíveis, de acordo com a Abiogás. No ano passado, lembra o estudo, 86% do volume do biogás gerado no país foi transformado em eletricidade por 439 plantas.