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Estratégia Camera e DuPont fecham acordo para biodiesel

Camera fecha acordo com a DuPont do Brasil para produzir um insumo para biodiesel.

Estratégia Camera e DuPont fecham acordo para biodiesel

A Camera Agricultura, Alimentos e Energia fechou um acordo comercial com a DuPont do Brasil e, até janeiro de 2013, deve começar a produzir metilato de sódio, catalisador necessário para a produção de biodiesel. A produção local garantirá a autossuficiência da empresa em relação ao insumo, atualmente importado da Alemanha, e o excedente será vendido para outras usinas da região.

De acordo com o gerente da unidade de negócios de biodiesel e coprodutos da empresa, João Artur Manjabosco, a Camera comprou a tecnologia de fabricação da DuPont, que também será a fornecedora da matéria-prima básica – o sódio metálico, ao qual é adicionado etanol para a produção do insumo. “Os riscos, os investimentos e as receitas da operação serão 100% da Camera”, afirmou o executivo.

O metilato de sódio importado custa cerca de R$ 2,7 mil a tonelada, incluindo frete e impostos. Com a produção própria, além da receita das vendas para terceiros, a Camera terá redução de custos e ganhará competitividade nos leilões de biodiesel, explicou Manjabosco. “Estamos verticalizando nossa produção”.

A nova linha deverá ser instalada no complexo portuário e de produção de óleo e farelo da empresa em Estrela, a 100 quilômetros de Porto Alegre. A capacidade inicial será de 15 mil toneladas por ano, mas a unidade poderá ser ampliada para 30 mil toneladas anuais, em linha com as perspectivas de aumento gradual da mistura de biodiesel no diesel mineral de 5% para 10% até 2020. O investimento será de R$ 12 milhões a R$ 15 milhões na primeira fase e deve chegar a R$ 20 milhões na segunda etapa.

A única fábrica de metilato de sódio atualmente em funcionamento no país foi colocada em operação pela Basf no fim de 2011 em Guaratinguetá (SP), com capacidade de 60 mil toneladas por ano. Antes disso, em 2010, a JBS fechou um acordo com a própria DuPont para fabricar o insumo em Pirapozinho (SP), mas em julho de 2011 decidiu desativar a planta que também tinha capacidade para produzir 60 mil toneladas anuais.

Conforme Manjabosco, a produção inicial de 15 mil toneladas de metilato de sódio será suficiente para fabricar 700 milhões de litros de biodiesel. A Camera tem capacidade instalada de 363 milhões de litros por ano nas suas duas usinas, em Ijuí e Rosário do Sul, enquanto todo o setor nos três Estados do Sul é responsável por um terço da produção nacional, que deve oscilar entre 2,7 bilhões de 2,8 bilhões de litros em 2012, com alta de 7% sobre 2011, explicou o executivo.

Em 2011, a empresa produziu 110 milhões de litros. Deste total, 92,7 milhões foram comercializados nos leilões da Agência Nacional do Petróleo (ANP), enquanto o restante refere-se aos leilões de estoques e vendas diretas. Nos dois últimos pregões da ANP, para entrega no primeiro e no segundo trimestre deste ano, o volume vendido já alcançou 75,6 milhões de litros e com a perspectiva de entrada em operação da usina de Rosário, ainda desativada, a Camera projeta para 2012 uma produção até duas vezes superior à do ano passado.

Segundo Manjabosco, a venda de biodiesel respondeu por 14% da receita líquida em 2011, que cresceu 75% sobre 2010 e alcançou R$ 1,93 bilhão. A comercialização de soja teve a maior participação (34%), seguida pelos farelos (22%). Os demais produtos, como fertilizantes, óleo refinado, trigo, químicos, óleo degomado e milho, ficaram com fatias individuais inferiores a 10%.

O investimento na produção de metilato de sódio está dentro do programa de investimentos de R$ 200 milhões para o período 2011-2015, anunciado no fim de 2010, quando a empresa vendeu 17% do capital para a gestora de fundos de investimentos CRP Companhia de Participações. Desde então, a Camera comprou em janeiro de 2011, por R$ 60 milhões, a planta de Estrela da Granóleo. Depois, em outubro, arrematou a usina de biodiesel de Rosário do Sul e uma fábrica de óleo e farelo de soja em São Luiz Gonzaga, ambas da Vanguarda Agro, por R$ 50 milhões.