Fonte CEPEA

Carregando cotações...

Ver cotações

Artigo

Energia e desenvolvimento: em busca do elo perdido - 1

Sociedade nacional e o Estado devem refletir sobre como resgatar o elo perdido entre energia e desenvolvimento na política energética nacional, diz pesquisador da UFRJ.

Energia e desenvolvimento: em busca do elo perdido - 1

O ministro da Ciência e Tecnologia da República Popular da China, Wan Gang, assinou quinta-feira, 9 de agosto, na sede da Coppe/UFRJ, acordo de cooperação que amplia as atividades do Centro China–Brasil de Mudanças Climáticas e Tecnologias Inovadoras para Energia. Com a extensão do convênio, o Centro passará a se dedicar, também, a estudos nas áreas de energia solar, veículos elétricos, fontes de baixo carbono, planejamento energético e energia dos oceanos.

O documento foi assinado também pelo reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Carlos Antônio Levi; pelo professor Luiz Pinguelli Rosa, diretor da Coppe e presidente brasileiro do Centro China–Brasil; pelo professor da Universidade de Tsinghua e presidente chinês do Centro, He JianKun; e pelos diretores brasileiro e chinês do Centro, respectivamente, Segen Estefen, diretor de Tecnologia e Inovação da Coppe; e Liu Dehua, professor da Universidade de Tsinghua.

Criado em janeiro de 2009 pela Coppe e pela Universidade de Tsinghua, principal instituição de ensino superior chinesa da área de tecnologia, o Centro China–Brasil é sediado em Pequim e mantém uma unidade na Coppe. Os primeiros projetos do Centro foram dedicados a temas como biocombustíveis; captura e armazenamento de carbono; e energia eólica. A Coppe mantém, ainda, parceria com a Universidade de Petróleo da China, com a qual realiza projetos voltados à exploração de óleo e gás em águas profundas.

“Com esse acordo teremos a oportunidade de estreitar ainda mais as relações com a Universidade de Tsinghua e fortalecer a realização de projetos no âmbito do Centro China–Brasil”, afirmou o diretor da Coppe, Luiz Pinguelli Rosa. Ele destacou a importância do Centro para ambos os países e citou, como exemplo das ações já realizadas, a cooperação no projeto de produção de biodiesel por via enzimática.

O ministro de C&T da China destacou as iniciativas entre os dois países. “A cooperação entre as universidades chinesas, a Coppe e a UFRJ é concentrada mais em energias de fontes não tradicionais, como eólica, solar, biomassa e biodiesel, bem como as tecnologias de movimento de oceanos e tecnologias de produção de veículos elétricos”, afirmou o ministro. Wan Gang reafirmou o interesse da China na pesquisa e produção de carros elétricos. Segundo ele, até dezembro de 2011, já circulavam no país cerca de 19 mil veículos movidos a eletricidade.

A primeira iniciativa para fortalecer as atividades do Centro China–Brasil foi anunciada ainda durante a cerimônia de assinatura do acordo. A Universidade de Tsinghua passará a integrar o Centro Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (Centro Rio+). Será a primeira instituição não brasileira a se associar ao Centro, sediado na Coppe, e cuja criação foi anunciada pela ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20). O novo centro é uma parceria da Coppe com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e outras agências da ONU.

Também foi confirmada a realização de dois seminários voltados às áreas que passarão a envolver a cooperação entre pesquisadores da Coppe, da Universidade de Tsinghua e de outras instituições. O primeiro deles acontecerá em Pequim e terá como tema os estudos da China e do Brasil destinados às novas energias. O encontro incluirá debates sobre as fontes eólica, solar e energia das ondas, entre outras. O segundo evento está programado para o mês de maio e será realizado na Coppe. O tema central será cidades de baixo carbono em países em desenvolvimento.

Para o diretor de Tecnologia e Inovação da Coppe, o fortalecimento do acordo abre novas perspectivas de cooperação. “Entendemos que há uma troca de experiências, de modelos de inovação e de tecnologia. A Universidade de Tsinghua tem várias empresas e essa é uma política que estamos implantando aqui. Queremos que nossos desenvolvimentos científicos possam chegar à sociedade sob a forma de empresa e retornar para a universidade”, explicou Segen Estefen.

“Acho que as nossas experiências anteriores demonstraram grande potencial ainda a ser explorado e nós estamos nesse caminho, buscando expandir e multiplicar esse momento, essas oportunidades para fazer com que nossos projetos se consolidem e avancem. Vamos fortalecer e consolidar ainda mais as oportunidades de interação com as empresas de ciência e tecnologia chinesas”, destacou o reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Carlos Antonio Levi.

Em sua passagem pela Cidade Universitária, o ministro Wan Gang e sua comitiva embarcaram no ônibus a hidrogênio e visitaram o Parque Tecnológico da UFRJ e laboratórios da Coppe. No trajeto, ouviram explicações técnicas sobre o funcionamento do H2+2, a nova versão do ônibus híbrido a hidrogênio e eletricidade, lançada dia 13 de junho, na abertura do estande da Coppe na Rio+20, no Parque dos Atletas.

Ao chegar à Planta Piloto de Biodiesel do Instituto Virtual Internacional de Mudanças Globais (IVIG) da Coppe, o ministro Wan Gang foi apresentado a três estudantes da Universidade de Tsinghua, que estão fazendo intercâmbio com a Coppe. Ao lado dos colegas brasileiros, eles estão comparando os resultados do processo de produção de biodiesel com catálise enzimática adotado na China com os do método de catálise química utilizado pelo IVIG. Em setembro de 2011, dois pesquisadores brasileiros passaram cerca de 40 dias na Universidade de Tsinghua para conhecer o sistema adotado pelos chineses.

No Parque Tecnológico, a comitiva visitou o Laboratório de Tecnologia Oceânica (LabOceano) da Coppe, que em 2013 completará 10 anos de atividade. O ministro Wan Gang acompanhou uma simulação de ensaio no Tanque Oceânico e recebeu informações sobre as características e as atividades do laboratório. Os visitantes também assistiram a um vídeo sobre a usina de energia das ondas, que será inaugurada em breve no Porto de Pecém, a 60 quilômetros de Fortaleza. O empreendimento é uma parceria entre a Coppe, a Tractebel Energia e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Finalizando a visita, o grupo esteve no Laboratório de Aplicações de Supercondutores (Lasup). O ministro Wan Gang teve a oportunidade de andar no protótipo de um dos módulos do trem de levitação magnética da Coppe. A primeira linha de demonstração do Maglev Cobra, ligando o Bloco H do Centro de Tecnologia da UFRJ (CT1) aos novos prédios do Centro (CT2) deverá entrar em operação em 2014.

A visita do ministro de C&T chinês foi prestigiada pelo chefe do Departamento de Acompanhamento, Avaliação e Gestão da Informação da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Rogério de Medeiros, que representou o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Marco Antonio Raupp; pela diretora de Planejamento, Gestão de Negócios e de Participações da Eletrobras Furnas, Olga Simbalista; e pela pró-reitora de Pós-graduação e Pesquisa da UFRJ, Debora Foguel. Também estiveram presentes o vice-diretor da Coppe, Aquilino Senra; o diretor de Assuntos Acadêmicos, Edson Watanabe; e o diretor de Planejamento e Administração, Guilherme Horta Travassos, além de coordenadores de programas e professores da Copp.