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Parceria

Distribuidoras de gás e produtores de biometano formam parceria

Abegás e Abiogás criam grupo de trabalho para impulsionar uso de biometano pelas concessionárias estaduais de gás natural

Distribuidoras de gás e produtores de biometano formam parceria

A Associação Brasileira de Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás) e a Associação Brasileira do Biogás (Abiogás) anunciaram nesta quarta-feira (18/5) a criação de um grupo de trabalho conjunto para impulsionar o uso de biometano pelas concessionárias estaduais de gás natural.

Atualmente, a produção brasileira de biometano é da ordem de 400 mil metros cúbicos diários (m³/dia), mas a Abiogás estima que esse volume deve crescer significativamente nos próximos anos.

Segundo a associação, 25 novas usinas já foram anunciadas no país, com capacidade para produzir cerca de 30 milhões de m³/dia – patamar que seria suficiente para suprir toda a atual demanda não-termelétrica do Sudeste, maior centro de consumo do Brasil. As novas unidades devem demandar investimentos de R$ 60 bilhões até 2030.

O potencial total do setor, segundo estimativas da Abiogás, pode chegar a 120 milhões de m³/dia.

O biometano é o biogás processado e, dentro das especificações previstas na regulamentação da ANP, pode ser injetado na mesma rede já utilizada para a distribuição de gás natural.

As primeiras experiências

Para as distribuidoras, o produto desponta como uma oportunidade de diversificação da base de suprimento, num momento em que os preços do gás natural de origem fóssil sobem, impactados pela alta do preço do petróleo e do gás natural liquefeito (GNL) no mercado internacional.

O primeiro projeto de injeção do biometano na rede de distribuição, no Brasil, foi desenvolvido no Ceará. Desde 2018, a GNR Fortaleza — parceria entre a Marquise Ambiental e a Ecometano, do grupo MDC — injeta na rede da Cegás o gás produzido no Aterro Sanitário Municipal Oeste de Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza.

Hoje, o gás renovável representa quase 15% do volume distribuído pela concessionária cearense.

Em São Paulo, o próximo projeto da MDC, no aterro de Caieiras, será conectado à rede de distribuição da Comgás. A Orizon Valorização de Resíduos também tem planos de injetar biometano na malha da distribuidora, para suprimento da demanda do polo industrial de Paulínia.

No noroeste do estado, a Cocal, produtora de açúcar e etanol, pretende iniciar, no segundo semestre, o fornecimento do biometano produzido na usina de cana de Narandiba (SP) para a GasBrasiliano – que está construindo um sistema isolado de gasodutos em Presidente Prudente, Narandiba e Pirapozinho.

Outra distribuidora que também mira o biometano é a Sulgás (RS). No fim de 2021, a concessionária gaúcha fechou um contrato de suprimento com a SebigasCótica. Uma central de tratamento de resíduos da agroindústria será instalada em Triunfo (RS).

O volume entregue será de 15 mil m³/dia, nos cinco primeiros anos de contrato, a contar a partir de 2024. O acordo prevê a ampliação da unidade para 30 mil m³/dia a partir do sexto ano de fornecimento do biometano.

A Compagas (PR) e a Copergás (PE) também têm planos de contratar biometano.  A distribuidora paranaense prevê lançar no segundo semestre uma chamada pública específica para compra do produto.

Já a companhia pernambucana lançou em fevereiro o edital para a primeira chamada pública do estado, destinada à aquisição do gás renovável.

O início de fornecimento do gás renovável, em Pernambuco, está previsto para 2024 e o volume mínimo será de 3 mil m³/dia. Segundo a Copergás, foram recebidas quatro propostas na concorrência.

Parceria mira biometano em veículos pesados

A Abegás e a Abiogás iniciaram os primeiros trabalhos do grupo na semana passada.

Um dos focos estratégicos do grupo de trabalho é aumentar o consumo do biometano entre veículos pesados.

Em São Paulo, a Comgás e a Scania firmaram em 2021 uma parceria para desenvolver o mercado de veículos pesados a gás. A montadora produz caminhões que podem usar tanto gás natural como biometano ou mistura de ambos.

O mercado aguarda com interesse também os detalhes dos incentivos previstos nos programas Metano Zero e Combustível do Futuro, do governo federal. Ambas as iniciativas tentam valorar os benefícios ambientais do combustível renovável em todo o ciclo de vida e permitir, assim, a geração de créditos de metano complementares aos créditos de descarbonização (CBIOs) do Renovabio.