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Pesquisa e Desenvolvimento

Dilma reconduz presidente da Embrapa

A presidenta da República, Dilma Rousseff, reconduziu o pesquisador Maurício Antonio Lopes ao cargo de presidente da Embrapa. O decreto foi publicado no Diário Oficial da União desta sexta-feira (29/01).

Maurício Lopes iniciou sua gestão como presidente da Embrapa em outubro de 2012. Desde então, e a partir de 2015, com o apoio da ministra Katia Abreu, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, tem enfatizado em sua atuação o foco na visão de futuro. Pesquisador de carreira, sempre destacou a história de sucesso da Embrapa ao longo dos últimos 40 anos, mas estimula a busca por novos espaços de liderança e protagonismo para a Empresa, em áreas e ações que ultrapassem os limites das porteiras das propriedades, como costuma dizer.

A criação do Sistema de Inteligência Estratégica da Embrapa, o Agropensa, lançado durante as comemorações dos 40 anos da Empresa em 2013, foi uma das suas maiores realizações. O Agropensa teve seu processo consolidado em 2014, com o lançamento do documento Visão 2014-2034, e traz perspectivas e orientações para a atuação da Empresa nos próximos 20 anos. Esse produto tornou-se a base da reestruturação do modelo de governança da Empresa.

A Embrapa passou por transformações na gestão de Maurício Lopes, com uma série de mudanças em seu modelo de governança. A Empresa também investiu em sistemas e processos: houve a elaboração do VI Plano Diretor da Embrapa, a implementação de uma ampla e integrada Agenda de Prioridades para cada Unidade da Empresa e de um novo sistema de gestão de desempenho das equipes e empregados.

Todas as novas ferramentas e sistemas de gestão passam a atuar de modo integrado, orientados por cinco eixos temáticos e sete macrotemas, definidos com base no trabalho de visão de futuro e antecipação de demandas do Agropensa. O mapa estratégico de gestão para atuação da Embrapa foi norteado por cinco eixos de impacto: avanços na busca da sustentabilidade; inserção estratégica e competitividade na bioeconomia; contribuições a políticas públicas; inserção produtiva e redução da pobreza; e posicionamento na fronteira do conhecimento.

Como presidente, consolidou ainda, com a Diretoria-Executiva, um sistema de gestão de pesquisa que permite reunir projetos afins, segundo uma visão temática de pesquisa e que considera os objetivos estratégicos da Empresa. Atualmente, por volta de 80% dos cerca de 1.200 projetos de pesquisa da Embrapa estão inseridos em 23 portfólios e 80 arranjos.  A nova forma de gestão de pesquisa gerou interesse de diferentes instituições no País e no exterior que hoje buscam a Embrapa como referência para ações de benchmarking na área.

O desenvolvimento de tecnologias e conhecimento para a agropecuária brasileira aliado à valorização da visão de futuro rendeu à Embrapa prêmios como o “Líderes do Brasil”, que Maurício Lopes recebeu em 2014 na categoria Gestão e Inovação Pública; o prêmio “Destaque Especial SNA 2012/13″ durante o 14º Congresso de Agribusiness; e o “Global Agribusiness Forum 2014”, além da inclusão do seu nome, pela Revista Forbes, entre as 100 pessoas mais influentes do Brasil.

No período 2012-2015 a Embrapa finalizou e transferiu para a sociedade grande número de soluções tecnológicas. Entre eles estão a Cultivance, primeira soja transgênica totalmente brasileira em parceria com a BASF, cultivares de trigo irrigado no Cerrado – dentro do esforço de tropicalização do trigo; a primeira cultivar de feijão resistente à mosca-branca; variedades de mandioca de mesa com elevada produtividade; cultivares de batata, maracujá, pêssego, uva, tomate, arroz, café, dentre outras. A Empresa vem se destacando também no desenvolvimento de produtos e processos inovadores, como plástico biodegradável à base de substâncias naturais, abatedouros móveis para suínos, e um robô agrícola, ou Agribot, capaz de se deslocar sozinho por uma plantação inteira portando equipamentos sofisticados de diagnóstico de plantas e solos.
 
A Embrapa tem atuado ainda no estudo dos recursos naturais e na promoção do capital natural do País.  Por meio do projeto TerraClass – Mapeamento de uso e cobertura do Cerrado, a Empresa contribui para o desenvolvimento e disponibilização de mapas inéditos e detalhados do uso e cobertura da terra na Amazônia e no Cerrado Brasileiro, realizados a partir de um dos maiores esforços técnicos para especificar as condições dos dois maiores biomas da América Latina. O TerraClass Cerrado, finalizado recentemente, envolve 1.389 municípios de dez estados, mais o Distrito Federal. Os pesquisadores e analistas levaram 18 meses para concluir o trabalho.
 
Foram desenvolvidas diversas indicações geográficas para Arranjos Produtivos Locais (APL) de vitivinicultura do Rio Grande do Sul, mapeamento Digital dos Solos Brasileiros e, para auxiliar na tomada de decisão do produtor e na avaliação do custo da suplementação no período da seca, a Embrapa lançou o Suplementa Certo, primeiro aplicativo para smartphones e tablets, com sistema operacional Android, desenvolvido com o objetivo de ajudar na escolha de produtos e estratégias pertinentes à nutrição de bovinos de corte. Também desenvolveu o Gesfrut, ferramenta para avaliações econômico-financeiras da produção de onze frutas de clima temperado (ameixa, amora preta, caqui, framboesa, kiwi, maçã, mirtilo, morango, pera, pêssego e uva).

Prioridades futuras

Uma das grandes prioridades para a nova gestão de Maurício Lopes é o fortalecimento do trabalho de Inteligência Estratégica. Lopes costuma citar a crescente velocidade das mudanças na sociedade, as rupturas e as mudanças de paradigma que têm se tornado constantes. “O futuro é um dos principais insumos das organizações dedicadas à pesquisa, desenvolvimento e inovação e a Embrapa tem que ter uma estratégia sólida de antecipação e preparo para novos desafios.” Ele chama  atenção para a necessidade de atendimento de demandas futuras, locais e globais, que exigirão soluções complexas, como mudanças climáticas, a crescente demanda por alimentos produzidos com segurança e qualidade, integração de sistema produtivos para aumento de eficiência e redução da emissão de gases do efeito estufa, química verde, uso e conservação da biodiversidade, biotecnologia e nanotecnologia, entre outros.

Um conceito que irá marcar a programação de P&D da Embrapa é o de Inteligência Territorial Estratégica.  Para responder aos desafios crescentes impostos à agropecuária a Embrapa desenvolveu ferramentas capazes de monitorar a evolução dos sistemas produtivos em escala territorial e simular os cenários mais adequados e promissores para o uso futuro dessas terras, considerando seu contexto natural, agrário, agrícola e de infraestrutura.  Num exemplo de sucesso da aplicação desse conceito, a Embrapa apoiou o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) na formulação do Plano Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável do Matopiba, seguindo a lógica da inteligência territorial. Ações semelhantes estão em curso para o desenvolvimento de sistemas de inteligência territorial para outras regiões brasileiras, como o Semiárido e a Amazônia.

Outro tema que ganhará prioridade na agenda da Embrapa é a organização da “Aliança para a Inovação Agropecuária no Brasil”.  A Aliança compreende a estruturação de uma plataforma de pesquisa que aproxime da Embrapa outros atores envolvidos na pesquisa agropecuária do País, com prioridade para as organizações estaduais de pesquisa, as universidades e o setor privado.  O objetivo da Embrapa é ampliar o leque de parcerias público-privadas, técnicas e financeiras, eliminando competição e redundâncias e aprimorando a eficiência de uso do recurso público e privado, como promoção do desenvolvimento colaborativo de inovações para a agropecuária.  Esse é o caminho para fortalecer o Brasil como o grande líder e protagonista na produção de alimentos no cinturão tropical do globo. 

Trajetória

Mineiro de Bom Despacho, Maurício Lopes graduou-se em Agronomia pela Universidade Federal de Viçosa (MG), fez mestrado em Genética pela Purdue University (EUA), doutorado em Genética Molecular pela University of Arizona (EUA) e pós-doutorado pelo Departamento de Agricultura da FAO-ONU (Roma-Itália). Atuou como pesquisador da Epamig e, desde 1989, integra o quadro da Embrapa. Na Empresa, foi coordenador e pesquisador do Labex Coreia; ocupou as chefias-adjuntas de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da Embrapa Milho e Sorgo e da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia; a chefia do Departamento de P&D e a Diretoria-Executiva de P&D.