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Política

Crescimento de Marina Silva divide líderes do agronegócio

Não são todos os líderes do agronegócio que estão tranquilos quanto aos rumos das eleições presidenciais no Brasil.

Brasil, São Paulo, SP. 08/10/2010. A candidata derrotada à Presidência da República, Marina Silva (PV), concede entrevista ao Grupo Estado, no Pacaembu, zona oeste da capital paulista. – Crédito:EVELSON DE FREITAS/AGÊNCIA ESTADO/AE/Código imagem:66945
Brasil, São Paulo, SP. 08/10/2010. A candidata derrotada à Presidência da República, Marina Silva (PV), concede entrevista ao Grupo Estado, no Pacaembu, zona oeste da capital paulista. – Crédito:EVELSON DE FREITAS/AGÊNCIA ESTADO/AE/Código imagem:66945

Por mais que todos os candidatos afirmem que o setor produtivo rural será tratado com respeito e atenção, não são todos os líderes do agronegócio que estão tranquilos quanto aos rumos das eleições presidenciais no Brasil. A ambientalista Marina Silva empatou com a candidata à reeleição Dilma Roussef (34% no DataFolha), deixando Aécio Neves em terceiro (15%). Em um provável segundo turno, Marina bateria Dilma por cerca de 10 pontos percentuais.

Marina sempre foi defensora de leis ambientais mais estritas, que poderiam diminuir a produção de grãos na região próxima à Amazônia. Há alguns meses, a senadora Kátia Abreu – então presidente da CNA – expressou grandes preocupações com um possível governo da chamada “candidata de terceira via” em entrevista ao portal norte-americano Agriculture.com.

“Nós tivemos um período de terror com relação aos temas ambientais. Os agricultores foram transformados em poluidores. Eu atribuo totalmente a ela a liderança nesse processo. Ela teve complacência zero com os produtores rurais. […] Nós triplicamos a produtividade sem a aumentar o desmatamento. Enquanto isso, ela transformou o ministério do Meio Ambiente em uma ONG. Ela estava lá para defender ONGs internacionais. Como ministra, Marina Silva nunca recebeu a mim ou minhas propostas para projetos ambientais”, contou a senadora.

Em um evento na semana passada em Buenos Aires, Argentina, o também senador e produtor rural Blairo Maggi (conhecido como o “rei da soja”), disparou: “Ela é teimosa, dissimulada, personalista, messiânica… Se ela for eleita, a única promessa que eu quero que ela cumpra é que não concorra a um segundo mandato. Ela será um desastre para nosso setor. Eu vi isso quando ela foi ministra”, disse Maggi.

Ana Amélia Lemos, senadora do Rio Grande do Sul e primeira colocada nas pesquisas para o governo de seu estado, tem um ponto de vista diferente. “Ser presidente é muito diferente de ser ministra. Eu não acredito que ela seria ingênua a ponto de permanecer exatamente com as mesmas posições. Marina terá de trabalhar junto com o Congresso. Ela sabe que a inflação é controlada pela oferta e que o agronegócio é um dos setores mais fortes da nossa economia”, disse ela durante a Expointer, a maior feira agrícola do estado.

Ana Amélia também mencionou o fato de que a ex-ministra do Meio Ambiente escolheu Beto Albuquerque, um deputado com trânsito entre os produtores rurais. Ele é originário da região de de Passo Fundo, tradicional na produção de soja no Rio Grande do Sul – o que poderia ser uma amostra de intenção de diálogo.

Com essa mesma lógica opinou Jorge Rodrigues, membro da diretoria da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul). “Qualquer um como presidente terá de lidar com os desejos de todos os brasileiros e não um setor específico. A agricultura é um dos setores mais importantes da nossa economia e nossa população depende disso”, defendeu Rodrigues.

Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura da gestão Lula, destacou em Buenos Aires que pela primeira vez na história todos os principais candidatos presidenciais buscaram apoio do agronegócio e mostraram interesse pelos problemas do setor. “Isso é muito importante. O setor rural não tem votos suficientes, mas tem que cobrar eles por compromissos”, afirmou.