Com fim de subsídios, investidores têm cautela com energia verde
Investidores em energias renováveis puderam utilizar incentivos e subsídios governamentais para respaldar os retornos de tudo o que financiavam
Durante quase duas décadas, os investidores em energias renováveis puderam utilizar incentivos e subsídios governamentais para respaldar os retornos de tudo o que financiavam. Agora, começam a achar que precisam avançar com cautela.
Reduções acentuadas no custo das turbinas eólicas e dos painéis solares fotovoltaicos anteciparam o momento em que governos e órgãos reguladores podem prever que as energias renováveis se sustentarão por conta própria, sem ajuda. Em alguns lugares, notadamente na Alemanha, as tecnologias que antes representavam a forma mais cara de energia verde, como a energia eólica offshore, agora planejam competir com preços de energia de mercado.
Essas tendências revolucionarão o modelo de negócio usado para lucrar com as energias renováveis com a redução dos subsídios e a concorrência cada vez maior das energias renováveis com os combustíveis fósseis em termos de preço. Os investidores institucionais, os credores bancários e as firmas de private equity, que estão entre os maiores financiadores da indústria de energia verde, divergiram em relação à sua visão a respeito do que acontecerá a seguir na conferência da Bloomberg New Energy Finance em Londres, na terça-feira.
“Definitivamente, trata-se de uma preocupação”, disse Robert Pottmann, chefe de energia renovável e novas tecnologias da Munich Ergo Asset Management, uma divisão da seguradora Munich Re Group. “Os bons e velhos tempos de incentivo nas tarifas na maioria dos países acabaram, pelo menos nos lugares onde estamos investindo.”
Seguradoras como a de Pottmann têm sido atraídas para a energia verde pelos retornos constantes de projetos sustentados por contratos com respaldo do governo ou de órgãos reguladores. Esse dinheiro pode acabar porque os projetos de energia limpa estão tendo mais exposição aos preços de mercado, disse o executivo.
“São necessários fluxos de caixa previsíveis, estáveis e robustos para mostrar ao órgão regulador que esse investimento é apropriado”, disse ele. “No fim, se você tem uma exposição substancial à energia mercante, deixa de ser um investimento em infraestrutura.”
O chamado risco ou exposição mercante surge quando os projetos vendem sua eletricidade no mercado de energia por atacado, ficando vulneráveis à sua volatilidade, em vez de fixar um preço por contrato.
“Os preços da energia são muito difíceis de prever”, disse Pottmann. “Não é favorável efetuar um teste de estresse sobre o que os consultores disseram no passado. Trata-se de algo muito complexo e muitas vezes com motivação política.”
Perspectiva dos bancos
Os bancos também estão observando os acontecimentos de perto, segundo Mark Muldowney, diretor-gerente de energia e infraestrutura do BNP Paribas, uma das instituições que mais oferecem crédito ao setor de energia limpa.
“Estamos muito interessados, mas cautelosos, e acho que essa é uma área de preocupação real para o mercado como um todo”, disse Muldowney.
O BNP afirmou recentemente que duplicaria seus empréstimos para o setor de energia renovável, planejando alocar 15 bilhões de euros (US$ 18 bilhões) por ano até 2020. Contudo, assim como a Munich Re, o banco também quer que os projetos para os quais concede empréstimos tenham fluxos de caixa previsíveis, assim saberá que será reembolsado.
“Sem dúvida gostamos que o reembolso de dívidas esteja sempre apoiado por um preço garantido ou por um preço que tenhamos muita certeza de que é fixo”, disse Muldowney.
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