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Negócios

CEO da Raizen diz que mercado não percebeu a oportunidade da biomassa

Ricardo Mussa diz que compra da Biosev pela companhia, uma transação de 3,6 bilhões, irá fortalecer estratégia ESG da sucroalcooleira

CEO da Raizen diz que mercado não percebeu a oportunidade da biomassa

A Raízen, maior processadora de açúcar e etanol do Brasil, fechou a compra da Biosev, também do setor sucroalcooleiro, na semana passada. O montante de 3,6 bilhões de reais desembolsados no negócio representam a maior transação da história da companhia. A aquisição aumentará o volume de moagem de cana da companhia em cerca de 40%, para 90 milhões de toneladas, o que amplia a liderança da Raízen, uma joint-venture entre a brasileira Cosan e a anglo-holandesa Shell, no mercado nacional.

Para Ricardo Mussa, CEO da Raízen, no entanto, o aumento da capacidade e da liderança de mercado não são os principais benefícios da transação, ainda que o mercado tenha encarado dessa forma. “Nenhum analista sequer perguntou sobre a questão da biomassa, que é a grande sacada do negócio”, afirma Mussa. “Nos antecipamos ao mercado.”

A Raízen aposta muito no segmento de combustíveis alternativos para o futuro, em especial o biogás e o E2G, sigla para o etanol de segunda geração, obtido a partir do processamento das sobras da moagem (o bagaço). O ponto é que a disponibilidade dessa biomassa está quase no limite. Atualmente, mais de 70% da matéria-prima extraída pelas usinas da Raízen está comprometida com o atendimento de contratos já firmados. Na Biosev, é o contrário: 30% são utilizados e o restante está disponível. É essa oportunidade que, na visão de Mussa, o mercado ainda não percebeu.

Para a sucroalcooleira, os combustíveis alternativos, ou sustentáveis, são mais rentáveis, pois oferecem um prêmio pela redução das emissões de carbono, pago pelas empresas poluidoras. “Isso ainda não aparece nas análises porque é um volume pequeno, mas a tendência é de crescer rapidamente”, afirma Mussa. Incentivos na Europa e nos Estados Unidos estão fortalecendo a demanda. E a Raízen também tem planos de acessar o mercado indiano, com a venda de tecnologia para produção do E2G.

A Raízen divulgou em setembro uma série de compromissos socioambientais, como parte de um plano de 10 anos visando incutir na empresa o capitalismo de stakeholder, modelo de gestão em que o interesse das partes impactadas pela companhia (stakeholders) está acima do interesse dos acionistas. Essa estratégia foi definida a partir de uma análise das metodologias existentes.

O plano já vem dando resultado. No final do ano passado, a Moody’s elevou a nota de crédito da companhia de Ba1 para Baa3, ingressando na categoria de grau de investimento. Ao mesmo tempo, o Carbon Disclosure Project (CDP), entidade que realiza análises da pegada de carbono das empresas para o mercado financeiro, elevou a nota da sucroalcooleira também de B para A-. Segundo Mussa, a próximo fronteira a ser desbravada pela empresa, além do biogás e do E2G, será a do mercado de combustível para aviação.