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Biomassa pode reduzir a dependência externa de energia em Portugal

Aposta nas energias renováveis (incluindo a biomassa florestal) e na eficiência energética permitirão a redução da dependência externa de energia em Portugal, que em 2009 era de 80,9% segundo dados da CE.

Biomassa pode reduzir a dependência externa de energia em Portugal

O setor Português de biomassa florestal debate-se com uma limitação que é a disponibilidade de recursos florestais para a produção de biomassa e com uma produção de energia ainda pouco expressiva, diz a organização global WWF. No entanto, esta situação poderá alterar-se, de acordo com as metas que prevêem o aumento da bioenergia produzida a partir de biocombustíveis sólidos, podendo desencadear-se uma intensificação da exploração florestal e o aumento da área de plantações florestais, em terrenos agrícolas marginais.

O Relatório Energia da Floresta Ibérica da WWF adverte que, na ausência de salvaguardas consistentes, tanto em Portugal como Espanha, uma procura crescente de biomassa pode desencadear a exploração insustentável das florestas e a expansão das culturas bioenergéticas e de plantações de rápido crescimento substituindo áreas de alto valor agrícola ou de conservação. A intensificação de plantações requer cuidados especiais, para evitar impactos negativos na biodiversidade, solos, água substituição da produção agrícola, aumento de emissão de gases de efeito de estufa ou custos acrescidos na produção de energia.

Para minimizar os impactos da produção crescente de biomassa, a WWF defende que será necessário garantir que são aplicados os princípios da Gestão Florestal Sustentável como o FSC – Forest Stewardship Council. Os projectos da WWF, GFTN – Rede de Comércio e Florestas e NGP – Plantações de Nova Geração, contribuem para a aplicação dos princípios da Gestão Florestal Sustentável, constituindo-se como importantes ferramentas para as empresas do sector da energia e da floresta.

A aposta na co-geração por forma a melhorar o aproveitamento energético da biomassa (e a redução de custos de produção de energia), no uso de biomassa indirecta ou recuperada (reduzindo os custos de produção de bioenergia e emissões de gases de efeito de estufa e a necessidade de substituição de terrenos agrícolas por terrenos florestais) são outras das recomendações da WWF. Na necessidade da intensificação florestal, deverão ser sempre avaliados os impactos a nível de solo, água, biodiversidade e produção agrícola nacional.

Para além das salvaguardas para a produção de biomassa florestal para aproveitamento energético, a WWF defende a necessidade de se melhorar a eficiência energética. O investimento em eficiência energética deve ser uma prioridade mais do que o aumento da produção de energia renovável. Portugal é um dos países da União Europeia com a intensidade energética (energia consumida por unidade de PIB) mais elevada. O investimento na redução do consumo de energia (através da melhoria da eficiência energética) é essencial e prioritário. As metas estabelecidas pelo governo Português (ganhos de 20% em energia devido a melhorias de eficiência energética) são realistas, mas o investimento efectuado para atingir tais metas fica aquém do necessário.

“A WWF tem uma Visão de 100% energia renovável em 2050. Nesta visão, a biomassa terá seguramente um papel muito importante, reforçada ainda pelas metas estabelecidas pela União Europeia de redução de dependência energética face ao exterior e com a definição de um plano de acção para a biomassa. Mas a utilização da biomassa, para além das oportunidades, apresenta também diversos desafios que têm de ser tidos em conta para que a produção de energia a partir de biomassa florestal seja efectivamente sustentável. ” diz Ricardo Vieira , especialista em energia da WWF em Portugal.