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Química renovável

Biomassa a serviço do setor farmacêutico

A química renovável é considerada uma área muito promissora, na opinião do presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial

Biomassa a serviço do setor farmacêutico

A biomassa gerada por cadeias produtivas da agropecuária pode mover uma indústria que pode substituir vários produtos da petroquímica. A química renovável é considerada uma área muito promissora, na opinião do presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), Jorge Guimarães.

Segundo ele, a empresa tem atualmente 20 empresas na área de indústria química trabalhando em projetos conjuntos com instituições de pesquisa e tecnologia públicas e privadas credenciadas. Entre elas a Oxiteno, Braskem, Brasil Kirin, Carbono Brasil Tecnologia, Rhodia, Kraton, Valorec. “São empresas que estão operando no modelo Embrapii, com química propriamente dita.”

Para Jorge Guimarães, a química verde tem um potencial muito grande, por exemplo, para contribuir com o equilíbrio na balança de pagamentos da indústria farmacêutica. “O Brasil é o maior produtor mundial de suco de laranja e importa ácido cítrico; é o maior produtor de sacarose e importa glucose, que é a matéria prima para confecção da molécula da sacarose. Nós temos uma enorme capacidade de ampliar a produção de produtos de origem renovável. Essas especialidades químicas para indústria farmacêutica são um nicho da maior importância, sejam elas originadas por síntese química, ou pela exploração da biodiversidade”, afirma.

Mas não é apenas nessa área. De acordo com o presidente da Embrapii, já estão sendo desenvolvidas tecnologias com a química verde para as indústrias de calçados, automobilística, de cosméticos e até para os setores alimentício e cervejeiro. Porém, ainda há gargalos que precisam ser superados. Na opinião de Jorge Guimarães, apesar do potencial do setor, ainda há poucas empresas atuando nessa área. Para ele, um dos problemas são os custos elevados para manter equipamentos e equipes de pesquisa e desenvolvimento nas indústrias. Uma questão que as parcerias com as unidades da Embrapii visam resolver.

“A Unidade Embrapii funciona como um substituto do centro de P&D que a empresa não consegue manter”, explica Jorge Guimarães ao destacar a ampliação do modelo. “Quando a Embrapii começou, no final de 2014, eram 10 empresas. hoje são 250 e a maioria nunca fezpesquisa no Brasil.

Para o agrônomo Antônio Tafuri, da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), o estímulo à aproximação entre o setor produtivo e as instituições de P&D é fundamental para o avanço da química renovável e de outras áreas. “A Embrapa já tem um portfólio de tecnologias espetacular que as agroindústrias ainda não conhecem. Para dar o primeiro passo de  aproximação, buscando a verticalização das agroindústrias, o portfólio de tecnologias existentes é mais do que suciente”, afirma.

Segundo Antônio Tafuri, em várias regiões do Brasil não há muito espaço para expansão horizontal da produção, ou seja, aumento de área, e o nível de produtividade também já é elevado. “O próximo passo é verticalizar a produção, com produção de ração, de biocombustíveis, de óleos essenciais e biorrenarias”, explica.

Para promover esse processo, a ABDI instituiu a Rede Nacional de Produtividade e Inovação –Renapi, que está estimulando o avanço de uma agenda estratégica nas áreas de biocombustíveis, química renovável, entre outras iniciativas. “O desafio é fazer o setor entender essa oportunidade de agregação de valor por meio da inovação e entender que a agenda positiva do setor não está mais na produção e sim na inteligência do negócio”, diz Antônio Tafuri.