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Empresas

Bioenergia é novo negócio do grupo Sada

Italiano Vittorio Medioli estima que, em dois anos, 60% do lucro do grupo virá da geração de energia.

O italiano Vittorio Medioli é dono de um império sobre rodas no Brasil. O grupo Sada transporta anualmente cerca de 2 milhões de veículos das fábricas até concessionárias. Volkswagen, General Motors, Peugeot e Citroën estão entre seus clientes. O maior de todos, a Fiat, o encarrega com exclusividade de distribuir pelo país toda sua produção. Seu negócio envolve 2.400 carretas (entre próprias e de empresas contratadas por ele) e um exército de motoristas, mecânicos e pessoal administrativo.

Mas Medioli parece não se entusiasmar mais tanto com o trabalho que fez dele um dos empresários mais bem sucedidos em seu ramo no Brasil e um dos maiores de Minas Gerais. Sua empresa está sediada em Betim, na grande Belo Horizonte. “A parte de logística eu domino e quando você domina uma coisa, você quer evoluir para outra”, diz ele.

Energia renovável, este sim, é o assunto que hoje o faz se ajeitar na cadeira, limpar a garganta e discorrer por um longo tempo com a empolgação de um empreendedor de primeira viagem. É daí que Medioli prevê que virá a maior parte dos ganhos num futuro breve. “Esperamos este ano receita de todo o grupo de R$ 3,2 bilhões. Em dois anos serão R$ 5 bilhões porque vai entrar a bioenergia.”

Medioli é dono de uma usina de etanol na cidade de Jaíba, norte de Minas, cuja capacidade de moagem é de 1,5 milhão de toneladas de cana. Outra está sendo montada em Montes Claros de Goiás, em Goiás, com capacidade de moagem de 3,6 milhões de toneladas. O projeto de execução da terceira já está pronto. “Acreditamos na bioenergia. Já somos produtores de energia elétrica. Inauguramos este ano uma termelétrica de 56 megawatts (MW). Esperamos terminar a década com 450 MW, isso é uma vez e meia a produção da Usina de Três Marias.”

As usinas terão produção voltada a etanol, açúcar e a co-geração de energia. O combustível usado é o resíduo da moagem (bagaço de cana) que alimenta caldeira de geração de vapor, que por sua vez gera energia através de turbinas.

“Esse sistema é comum em todas as usinas, entretanto o uso de alta pressão e da palha da cana como combustível adicional permite um aproveitamento muito superior aos sistema tradicionais. A Usina do Jaíba venderá no próximo ano 30 MW. O projeto de Goiás foi planejado para vender 60 MW em 2015 e 115 MW, em 2016.”

Daqui a dois anos, 60% dos lucros do grupo Sada, diz o empresário, serão provenientes do setor de bioenergia. Hoje, completa, representa pouco porque são projetos que começam a entrar em funcionamento agora.

Dono de dois jornais em Minas Gerais (“Super Notícia” e “O Tempo”) e ex-deputado federal pelo PSDB por 16 anos – trocou de partido e migrou para o PV e que atualmente está no PHS, onde, segundo ele “ninguém me perturba” – Medioli justifica sua aposta em energia com dois argumentos. O primeiro, a percepção de que o Brasil caminha para adotar, em algum momento, regras mais restritivas contra a poluição.

“Sou um dos maiores consumidores de óleo diesel do país, são 200 milhões de litros por ano, gero passivo ambiental de não sei quantas toneladas de CO2 “, diz. “Então, partimos da ideia: vamos recuperar porque no futuro teremos de apresentar um balanço de emissões positivo, porque se continuar negativo, o mundo acaba.”

O segundo argumento tem a ver com o retorno que ele estima que terá vendendo energia limpa. “Temos margens de lucro menores na Sada logística, margens melhores no setor de veículos e margens excepcionais que estão começando a aparecer no setor de bio energia.”

“A margem de lucro sobre o investimento no setor de transporte de veículos é de 7%; no setor industrial, de 10%; e no setor de energia, de 25% a 30%”, diz Medioli.

Mas o novo segmento de sua empresa e o plano de elevar o faturamento para US$ 5 bilhões, afirma o empresário, exigirá um reforço de capital. “Há uma perspectiva de aumento de investimento [para que o faturamento chegue a R$ 5 bilhoes]. As usinas de Goiás vão exigir ou a entrada de um sócio, ou a abertura de capital ou um financiamento de longo. Nós não descartamos nenhuma das três hipóteses”, diz ele. “Propostas de IPO é o que mais recebemos, tanto na logística quanto no de bioenergia. No de bioenergia, grupos da Índia, da Alemanha e grupos árabes estão muito interessados.”

O investimento na usina do Jaíba foi de R$ 240 milhões. Em Goiás, o plano prevê R$ 300 milhões. Cerca de R$ 120 milhões já foram usados na usina que está em construção. Os demais R$ 180 milhões serão empregados no término da unidade e na construção da terceira, cujo projeto já está definido e cuja previsão é que comece a operar daqui a dois anos.

Os recursos, segundo Medioli, vem tanto de financiamento como de capital próprio. A participação de um sócio terá como objetivo ampliar a estrutura e a capacidade que está sendo montada. Investidores do Qatar já tiveram uma primeira conversa com os Medioli no Brasil. Uma de suas filhas deve visitar o país para a segunda rodada.