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Economia

Atuação do BNDES será moderada e com foco no fomento em 2012, diz Coutinho

Em 2012, se a economia internacional não atrapalhar, o banco prosseguirá na rota do estímulo.

Após dois anos ajudando a prover crédito ao sistema, estrangulado após a crise de 2008, no ano passado o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) voltou a se concentrar em sua atividade mais regular: o fomento. Em 2012, se a economia internacional não atrapalhar, o banco prosseguirá nessa rota, mas, segundo seu presidente, Luciano Coutinho, ela terá de ser percorrida com moderação, sem contar com aumento dos desembolsos.

“Não está totalmente claro se vamos fazer redução moderada ou crescimento moderado. Não vemos no horizonte nada radical”, disse Coutinho, ontem, durante entrevista para apresentação do balanço das operações. Segundo ele, os aportes do Tesouro Nacional ao banco ainda serão definidos. O adjetivo “moderado” adotado por Coutinho difere das palavras mais usadas pela equipe econômica para tratar de investimento público em 2012 e que se aproximam da ideia de “aceleração”.

No ano passado, o BNDES desembolsou R$ 139,7 bilhões. O número absoluto representa recuo de 17% em relação a 2010, mas, para o presidente do banco, visto um pouco mais de perto esse balanço aponta em direção diferente. “Se olharmos a operação ajustada, sem Petrobras, vemos uma pequena queda de 3% no desembolso”, disse Coutinho, referindo-se à operação de capitalização da estatal, de R$ 24,8 bilhões, que inflou os números do ano anterior. “Se eu tirasse aquelas linhas de giro de 2010, eu teria um crescimento de 6% no desembolso. O número de 2011 está mais associado a investimento, a formação bruta de capital”, concluiu.

O financiamento a capital de giro ao qual Coutinho se referiu foi a linha com a qual o banco cumpriu, entre 2009 e 2010, o papel de dar liquidez ao sistema financeiro e ajudar a economia brasileira a encarar a crise. Para ele, é difícil prever agora se o apoio voltará a ser necessário em 2012, mas a retomada da economia dá sinais de consistência. “Temos expectativa positiva para o crescimento em 2012 […] O cenário internacional ainda é incerto, mas nos parece que os riscos de cenários catastróficos estão sendo afastados”, avaliou Coutinho. “O mercado brasileiro é ainda um mercado robusto. A expansão da renda, do mercado de crédito continuam firmes. Na nossa perspectiva, os planos de investimento continuam, o interesse de investimento no Brasil se mantém”

Se essa estimativas se cumprirem, o banco pretende aprofundar o processo de aprimoramento qualitativo de sua carteira, emprestando gradativamente mais dinheiro para projetos que envolvam inovação tecnológica e diversificando mais sua carteira geograficamente. No ano passado, 49% do total desembolsado ainda ficou no Sudeste, mas só o Nordeste registrou crescimento na destinação de desembolsos, com alta de 9%.