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Energia

Ativista critica aposta brasileira em energia nuclear

Whitaker comentou ainda que o lixo nuclear está se acumulando na usina nuclear de Angra e não se sabe o que fazer com ele.

Durante o Fórum Social Temático, realizado na semana passada em Porto Alegre, o ativista da Coalizão por um Brasil Livre de Usinas Nucleares, Chico Whitaker, lamentou a decisão do governo brasileiro de investir em usinas nucleares, um caminho que está sendo revisto pelas grandes economias desenvolvidas do mundo, como Alemanha e Japão.

Segundo Whitaker, a presidente Dilma Rousseff decidirá neste ano onde será construída a quarta usina nuclear do país, possivelmente nas margens do Rio São Francisco.

“No Brasil existe enorme desinformação sobre isso e o sistema nuclear prima pelo engano e pela mentira, até com boa intenção, para não criar pânico na população”, declarou.

Ele lembrou do desastre japonês, na cidade de Fukushima, onde há três anos a situação complexa da usina de Daichii, extremamente danificada pelo terremoto seguido de tsunami, não parece ter fim, com a divulgação de um caso crítico atrás do outro – vazamentos, contaminação de funcionários, população deslocada etc.

“Trata-se de uma autêntica loucura humana…um acidente com uma usina dura milhares de anos [até que a radioatividade volte a níveis aceitáveis]”, enfatizou, citando também o caso de Chernobyl, que interditou um território do tamanho equivalente a um quarto da França.

“Até o presidente da autoridade de energia nuclear da França (país que depende desta fonte para suprir mais de 70% da sua demanda) disse que não pode afirmar que não há risco de acidente.” (Veja a entrevista)

Whitaker comentou ainda que o lixo nuclear está se acumulando na usina nuclear de Angra e não se sabe o que fazer com ele.

“O mundo inteiro está parando [de construir usinas nucleares], e a Dilma começando a decidir onde fazê-las”, destacou.

O ativista lamentou que a vontade do governo, “intensamente associada ao capital privado”, se imponha sobre a democracia.

“Precisamos de poder popular, mas por enquanto estamos longe”, criticou.

“Como cidadãos podemos discordar de certas decisões, mas é impressionante como o governo é um trator… e a democracia vai andando. E nós tentando protestar e vem o trator e nos esmaga. Quanto dura a nossa capacidade de reagir?”, questionou Whitaker.

Fukushima – No Japão, a situação na usina de Fukushima parece seguir a mesma, com o registro constante de vazamentos de água contaminada com radiação para o Oceano Pacífico e para o solo, além dos problemas com a estocagem da água e dos materiais utilizados no processo de descontaminação não apenas da usina, mas das redondezas.

Alguns boatos têm sido criados sobre o vazamento de radiação, que poderia já ter alcançado a costa norte-americana, porém, especialistas em radiação da própria ONG Greenpeace, extremamente crítica da energia nuclear, afirmam que não há este perigo, ao menos não em quantidades maléficas ao ser humano e aos ecossistemas.

Eles afirmam que há sim contaminação de organismos marinhos, mas nas redondezas da usina em Fukushima. Cerca de 100 mil pessoas continuam sem poder retornar aos seus lares.