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Meio Ambiente

Aquecimento pode tirar R$ 7 bi por ano da agricultura a partir de 2020

Brasil precisa de ações propositivas e estruturantes para diminuir a emissão de gases que provocam o efeito estuda.

Aquecimento pode tirar R$ 7 bi por ano da agricultura a partir de 2020

A previsão de aumento da temperatura no país nas próximas décadas, com ondas de calor mais fortes e chuvas mais acentuadas em um espaço de tempo mais curto, vai provocar fenômenos meteorológicos que vão prejudicar mais fortemente a população pobre. A constatação é de Eduardo Assad, coordenador de grupo de pesquisa de mudanças climáticas da Embrapa.

Ao falar ontem (9) durante a 1ª Conferência Nacional de Mudanças Climáticas Globais, realizada em São Paulo, Assad disse que ocorrerão mais deslizamento de terras, enchentes e perda de volume das bacias hidrográficas que abastecem os grandes centros nas próximas décadas. A região costeira brasileira, populosa, também vai sofrer com o aumento das ressacas marítimas e dos ventos causados pelo mar mais aquecido.

“O Brasil precisa de ações propositivas e estruturantes para diminuir a emissão de gases que provocam o efeito estuda. Eu vou sofrer um pouco com as mudanças assim como alguns produtores, por exemplo. Mas não nos esqueçamos que quem vai sofrer mais com os eventos mais extremos será a população desassistida”, disse.

Mudança pode inutiliziar transposição do Rio São Francisco – A previsão para o clima no Brasil, nas próximas décadas, com aumento da temperatura, ondas de calor mais forte e chuvas mais acentuadas em um espaço de tempo mais curto, caso se confirme, vai diminuir o índice pluviométrico da bacia do rio São Francisco, tirando 30% do volume atual do rio. Com isso, há o risco de as obras de transposição do rio, quando ficarem prontas, não receberem água suficiente para irrigar as regiões destinadas à agricultura.

A estimativa foi feita por Assad, coordenador de grupo de pesquisa de mudanças climáticas da Embrapa. Os dados estão em estudo sobre mudanças climáticas no Brasil, divulgado durante a 1ª Conferência Nacional de Mudanças Climáticas Globais, realizada em São Paulo.

Risco energético e alimentar – A mesma redução de volume deverá ocorrer nas próximas décadas na bacia do rio Tocantins. A estimativa média para as bacias de todos os rios do Norte e do Nordeste do país é de redução de 20% no volume de água.

“A maior dúvida é onde vai chover mais, onde vai chover menos. A incerteza em cima dos recursos hídricos é grande. Porém, a tendência dos problemas para os próximos anos aponta para segurança energética, alimentar e hídrica”, disse Assad.

No Norte, no Nordeste e no Centro-Oeste, com um regime de chuvas mais seco, a tendência é de diminuição do volume dos rios. No Sul e Sudeste, o índice pluviométrico deve aumentar. A bacia Paraná-Prata terá aumento de 40% no volume de água.

“A transposição [do São Francisco] já está ameaçada. Precisa ser rediscutida a avaliação de políticas públicas no país com esses dados novos. Estamos começando a ver coisas mais claras do que víamos há 10 anos”, afirmou Assad.