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Sustentabilidade

Ainda pouco explorada, energia solar tem alta de 61,5% na oferta

Mesmo com o crescimento, a participação dela entre todas as fontes de energia ainda é tímida, chegando a 1,7% do total. As hidrelétricas continuam tendo a maior parcela, com 65,2%

Ainda pouco explorada, energia solar tem alta de 61,5% na oferta

Em um momento de crise hídrica, a necessidade de se investir em fontes alternativas a hidrelétricas se torna ainda mais urgente. Em Minas Gerais, a opção tem sido investir no crescimento de energia fotovoltaica, que é limpa, renovável e inesgotável. De acordo com o Balanço Energético Nacional, elaborado pelo Ministério de Minas e Energia, o Estado é o campeão nacional em capacidade instalada e distribuição de energia solar.

O relatório mostra que, em 2020, a energia fotovoltaica foi a que obteve maior crescimento na geração elétrica, com um aumento de 61,5% em apenas um ano. Mesmo assim, a participação dela entre todas as fontes de energia ainda é tímida, chegando a 1,7% do total. As hidrelétricas continuam tendo a maior parcela, com 65,2%. 

A vantagem é que a produção de energia solar vem se diversificando e chegando até pessoas que não precisaram investir em aquisição e instalação de painéis. Hoje é possível adquirir energia de origem fotovoltaica por meio de uma assinatura, oferecida pela Cemig Sim, braço dedicado às fontes solares da holding Cemig. 

A empresa instala fazendas solares nas regiões com maior índice de incidência solar (como as regiões Norte, Noroeste, Jequitinhonha e Alto Paranaíba) e distribui a produção para consumidores espalhados pelo Estado – atualmente são 3.000 clientes, sendo a metade na região metropolitana de Belo Horizonte. O serviço também é aberto para pessoas físicas, mas tem sido mais procurado por empresas, especialmente da área do comércio e pequenas indústrias. A companhia afirma que os custos com energia podem ser reduzidos em até 18%. 

“Temos trabalhado a distribuição da energia solar de forma mais democrática para reduzir a necessidade da energia hidráulica”, afirma Danilo Gusmão, CEO da Cemig Sim. Segundo ele, a empresa investiu, desde 2019, R$ 100 milhões em implantação de fazendas solares e planeja aportar mais R$ 1 bilhão em cinco anos, alcançando até 50 mil consumidores. 

O gestor explica que donos de terrenos em locais muito ensolarados também podem investir em fazendas solares. Para gerar 5 megawatts, é preciso uma fazenda de dez a 20 hectares. O retorno financeiro acontece de seis a nove anos. “Vislumbramos a possibilidade de termos políticas públicas e avanços para o setor, que traz benefícios ecológicos e econômicos”, explica. 

A Cemig GT (Geração e Transmissão) também pretende investir em energia solar para ampliar sua capacidade de geração até 2025. Um dos projetos é UFV Três Marias I (60 MW), usina solar flutuante, pioneira no país, a ser instalada sobre o reservatório da UHE Três Marias.

“Os projetos de investimento em expansão hoje estão localizados em Minas Gerais, local privilegiado para desenvolvimento principalmente de usinas solares, e nos Estados do Nordeste, para desenvolvimento de usinas eólicas”, informa a Cemig GT sobre investimentos em fontes limpas. 

Produtores rurais podem investir

Entre os produtores rurais, a tendência é de um crescimento nos investimentos em energia solar, que pode contribuir para a redução de custos e ainda colaborar na certificação daqueles que apostam em produtos orgânicos e sustentáveis.

De acordo com Ana Paula Bicalho, gerente de meio ambiente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), a entidade estimula os produtores a investirem em uso de energia limpa. 

“Incentivamos as empresas a se unirem para investir na instalação de painéis. Isso é possível para empresas, fazendas, cooperativas e pequenos produtores rurais. O interessante é que a energia fotovoltaica é modular, ou seja, você investe conforme a sua necessidade. Se, no futuro, sua demanda ou capacidade aumentar, é possível comprar mais painéis e ter uma maior produção”, explica a especialista. 

Para provar que a integração entre produção de energia e de alimentos pode ser bem-sucedida, a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) está instalando painéis em seis campos experimentais, em parceria com a Cemig. A ideia é aproveitar, em um mesmo espaço, os plantios e as instalações dos painéis, que ficam suspensos e ainda oferecem sombra nos cultivos de maneira estratégica. 

Esse projeto agrossolar, que está sendo implementado primeiramente em Jaíba, no Norte de Minas, conta com assessoria da organização de pesquisa alemã Fraunhofer-Gesellschaft.

Aumento na conta de luz

Os reservatórios estão quase vazios, e as usinas térmicas foram acionadas para garantir a produção. Consequentemente, a conta de luz vai ficar muito mais cara para os brasileiros nos próximos meses. De acordo com o economista e professor do Centro Universitário UNA, Cleyton Izidoro, o impacto será intenso. “Neste momento de pandemia, qualquer alteração de preço está impactando a cesta de consumo das pessoas, principalmente os assalariados, que não têm reposição na renda”, explica. 

Vale lembrar que o aumento na conta de energia também pode provocar um crescimento nos preços dos produtos, já que indústria, comércio e serviços tendem a repassar os custos.