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Energia

Tarifa da Copel deve ter reajuste de 30%

Valores cobrados pela distribuidora paranaense serão corrigidos no fim de junho pela Aneel.

Tarifa da Copel deve ter reajuste de 30%

O aumento na tarifa da Copel, que entra em vigor no dia 24 de junho, vai doer no bolso dos consumidores paranaenses. Estima-se que os valores cobrados pela distribuidora, que atende quase 400 cidades e 10,2 milhões de habitantes, serão corrigidos em torno de 30% pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O reajuste da Copel deve ser um dos maiores concedidos neste ano entre as distribuidoras do país, de acordo com um levantamento feito pelo consultor Paulo Steele, da TR Soluções.
 
A Copel vai enviar, até sábado, sua solicitação de reajuste para a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), ou um mês antes da entrada em vigor das novas tarifas. Em entrevista ao Valor PRO, serviço em tempo real do Valor, o presidente da companhia, Lindolfo Zimmer, não adiantou qual será o aumento pedido, mas não descarta a possibilidade de que seja da ordem de 30%.
 
A estatal, segundo ele, não é responsável pelos reajustes. O aumento na conta de luz virá da chamada “Parcela A”, ou a parte das tarifas onde são computados os custos não controlados pelas distribuidoras, entre eles a aquisição de megawatts-hora no mercado disponível (spot) para cobrir o déficit na carteira de contratos de longo prazo.
 
Os problemas com a descontratação arrastam-se desde 2008, afirma Zimmer. E decorrem, entre outros motivos, dos atrasos na entrada em operação de algumas usinas no país, como a hidrelétrica de Jirau, e as térmicas do grupo Bertin que nunca saíram do papel. Mas, quem vai pagar essa conta, no fim do dia, serão os consumidores paranaenses.
 
A Copel também era uma das distribuidoras que mais ficaram descontratadas após a divisão das cotas das hidrelétricas atingidas pela Medida Provisória 579. Mas essa exposição foi resolvida com a aquisição de 388 MW médios no leilão A-0, realizado no dia 30 de abril. Segundo Zimmer, a Copel zerou sua exposição involuntária ao mercado de curto prazo.
 
Para arcar com essas despesas, a Copel recebeu um total de R$ 883,8 milhões em subsídios tarifários no primeiro trimestre. Os recursos vieram tanto da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) como da Câmara de Comercialização de Energia (CCEE). Deste valor, R$ 831,8 milhões já foram contabilizados e R$ 52 milhões ainda vão entrar no segundo trimestre.
 
Apesar dos repasses, a energia comprada no leilão terá impacto nas tarifas, já que os novos contratos saíram pelo dobro do preço usual. No ano que vem, estima-se que os reajustes tarifários sejam novamente de dois dígitos, disse Zimmer.
 
Além das despesas com aquisição de energia, a Copel ainda vai repassar neste ano, para seus consumidores, reajuste residual de 4,6%, que não foi dado no ano passado. Na época, o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), adiou o aumento em resposta às manifestações populares, que tomaram as ruas em junho.
 
A Copel registrou um prejuízo de R$ 14,6 milhões com o segmento de distribuição de energia no primeiro trimestre. Em compensação, as perdas foram mais que compensadas pelos lucros extraordinários obtidos na área de geração e transmissão. Nesse segmento, a estatal paranaense acumulou um ganho de R$ 431,6 milhões, 6,2% maior que o obtido em igual trimestre do ano passado.
 
Se incluídos outros negócios, o lucro líquido da Copel totalizou R$ 583 milhões, o que representou um aumento de 46,3%. “Esse foi o melhor resultado da nossa história, em 60 anos”, afirmou Zimmer, que prevê que o bom desempenho se repita nos próximos trimestres.
 
A térmica a gás de Araucária transformou-se numa mina de ouro para a Copel, que retomou a usina em janeiro, após o término do contrato de locação com a Petrobras. Os megawatts-hora gerados pela térmica, que possui 400 MW de capacidade instalada, está descontratada e é vendida no mercado de curto prazo, onde os preços explodiram. Esse empreendimento sozinho rendeu à estatal paranaense um lucro R$ 134 milhões no primeiro trimestre. Segundo Zimmer, a empresa preferiu não vender a energia da usina no leilão A-0.