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Artigo

Oportunidades. A prazo!

Artigo de Romeo Bet, presidente da Cooperalfa, coloca o Brasil como forte candidato a ampliar a oferta de proteína animal no mundo.

É amplamente favorável o cenário mundial para ampliação no consumo de alimentos: populações de países em desenvolvimento registrando visível ampliação da renda e migração rural para as cidades provocando novos hábitos de consumo, estão entre as turbinas dessa tendência, pelo menos, para a próxima década. A restrição mais visível para esse provável aquecimento seria a suposta possibilidade de as principais economias mundiais, sobretudo Europa e EUA, de retardarem em demasia o ritmo da respectiva recuperação. 

O Brasil é forte candidato a ampliar a oferta de proteína animal, por exemplo, inclusive para o mercado interno. Temos solo, água, clima e talentos produtivos inclinados à evolução tecnológica. Essa vocação é nata, especialmente nas regiões minifundiárias, mas não se descarta aqui o potencial das mega-produções verticalizadas, as quais, se por um lado subtraem oportunidades de muitas famílias de agricultores ampliando a monopolização do setor, por outro melhoram a performance do gerenciamento e equilíbrio da oferta. Destaca-se o significado das cooperativas, que mantém e apóiam a pequena escala. É evidente que, do lado de cá da cerca, ainda temos degraus para evoluir no manejo e na produtividade.

O que infelizmente não temos – e isso preocupa – é infra-estrutura adequada para competirmos com grandes players internacionais, nem uma fisionomia tributária nacional que fosse, pelo menos, parecida com a de outros países. Literalmente, isso nos rouba oxigênio, sem dó nem piedade. Oxalá o atual Governo de Dilma Rousseff consiga desacelerar o aumento dos gastos públicos ( – já que cortar custos é utopia, que o diga a Grécia – ), tornando assim o Estado verde-amarelo mais eficaz. Quando pudermos contar com portos, estradas e modelos logísticos mais rentáveis, fatalmente assumiremos patamares de maior tranqüilidade.

Por fim, é preciso atentar para a nova escalada da taxa de juros – limitante que esfria os investimentos e põe faísca na desindustrialização do país – e, especialmente, a questão cambial. Com o Real sobrevalorizado do jeito que está a situação poderá ficar insuportável no médio e longo prazo.

Aos produtores brasileiros, que estão sendo – de novo e equivocadamente –  culpados pela retomada da inflação nos últimos dois anos, fica a esperança de que a mídia e o restante da opinião pública, corrija essa destorcida visão de que o agricultor é réu: ele apenas está recuperando parte daquilo que sempre foi obrigado a conceder ao conjunto dos cidadãos para suportar 17 anos de estabilidade do Plano Real.
                          
Romeo Bet é agricultor em Planalto Alegre, SC, e preside a Cooperativa Agroindustrial Alfa, com sede em Chapecó – SC – Brasil.