Fonte CEPEA

Carregando cotações...

Ver cotações

RH

Jovens com idade entre 16 e 24 anos são os que mais desconhecem o agronegócio

Levantamento também indica que as classes D e E associam a mecanização das lavouras ao desemprego.

Jovens com idade entre 16 e 24 anos são os que mais desconhecem o agronegócio

A falta de comunicação entre os setores de agricultura e a população brasileira, e do setor com o governo continua sendo um grande problema para a agricultura, mesmo com o empenho de usinas, entidades e associações em realizar campanhas milionárias na mídia. Jovens com idade ente 16 e 24 anos, de acordo com números revelados pelo presidente da Associação Brasileira de Agronegócio (Abag), Luiz Carlos Correa de Carvalho, são os mais desinformados sobre o agronegócio e a cadeia produtiva agrícola.

“Muita gente ainda acha sim, que o leite nasce na caixinha”. O tema “comunicação” foi um dos debates do 6º Congresso Nacional de Bioenergia, da União dos Produtores de Bioenergia (Udop), que acontece em Araçatuba (SP) nesta quarta-feira (06/11).

“Além desta faixa de jovens, considerados os mais desinformados sobre o agronegócio, também temos dados referentes às classes sociais. As classes A, B e C enxergam o segmento como gerador de empregos, já as classes D e E, o vêem como desempregador, devido à mecanização”, explica Carvalho.

Pedro Mizutani, vice-presidente da Raízen (joint-venture formada entre a Shell e a Cosan) e membro do Projeto Agora, da Unica, departamento responsável pelas campanhas do etanol, ainda complementa que as classes D e E, grande parcela da população brasileira, só é atingida com sucesso pela televisão. “Para essa mídia, esse custo ainda é muito alto”, diz.

Mizutani disse também que, após a campanha Etanol Completão, veiculada em TV, Rádio e Internet (a campanha custou R$ 42 milhões), os recursos ficaram escassos e a aposta no futuro vai ser através das redes sociais. “Porém, as redes sociais atingem a classe média somente”. Outra campanha veiculada recentemente foi a Sou Agro, que levou à TV Lima Duarte e Giovana Antonelli, custou R$ 15 milhões e não conseguiu mais recursos mais continuidade.

Antônio de Pádua Rodrigues, diretor da Unica, acredita que a falta de adesão de todo o setor é o que eleva este custo. “O problema é interno também. Muitos agentes do setor não aderem às campanhas e por isso é caro”.

O presidente da Udop, Celso Torquato Junqueira Franco, acredita que ainda falta maturidade dos líderes do setor sucroenergético, principalmente no caso da popularização do etanol. “Nós precisamos tomar decisões importantes. Precisamos sentar e repensar coisas básicas que nem sabemos por que ainda ocorrem”, acredita. “O consumidor final precisa realmente entender o que é agronegócio, o que ele faz e isso depende de nós”.

 Governo X setor

O outro lado da comunicação entre o segmento sucroenergético e o governo também é “cheio de ruídos”, como se diz na linguagem da comunicação. “Não funciona”, diz André Rocha, presidente do Sindicato dos Produtores de Cana-de-Açúcar de Goias (Sifaeg). “A falta de estrutura do governo, com ministérios sendo reformulados e ministros sendo substituídos sucessivamente em pastas ligados à agricultura prejudica demais esse diálogo”, diz. “Isso faz com que o setor desconfie do governo, e o governo não confie no setor”.

Rocha ainda lembra que dos 39 ministérios que existem em Brasília (DF), pelo menos 10 colidem e atuam juntamente com o Ministério da Agricultura. “Todas essas mudanças geram falta de objetivos para todos os lados”.

Genésio Couto, diretor de pessoas e sustentabilidade do Grupo Odebrecht, aponta o outro lado. “As entidades patronais, as associações e os sindicatos do setor funcionam muito bem em seus Estados e em suas regiões, mas o setor agrícola não tem um interlocutor legítimo que fale por ele como um todo. Nós temos que criar uma união dentro da cadeia produtiva agrícola com urgência para defendermos os nossos objetivos”.