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Internacional

Governo português quer incentivar novas centrais de biomassa, mas matéria é escassa

Do ponto de vista dos operadores do setor,  há pouco espaço para o incentivo previsto pelo Governo para a construção de novas instalações.

Governo português quer incentivar novas centrais de biomassa, mas matéria é escassa

Na última terça-feira (08/01), Portugal obteve a aprovação de Bruxelas para a criação de novas centrais de biomassa, como medida para a prevenção de incêndios. Contudo, os operadores do setor são críticos em relação a esta iniciativa: acusam dificuldades na obtenção da matéria-prima pelas centrais já existentes, uma pressão confirmada pelo instituto especializado Centro de Biomassa para a Energia. Isto apesar de existirem algumas zonas do país onde a nova atividade possa vir a ter espaço, de acordo com estas mesmas fontes.

“Com os incêndios que ocorreram nos dois últimos anos, a quantidade de biomassa existente reduziu significativamente”, afirma o presidente da Associação dos Produtores de Energia e Biomassa (APEB), Carlos Alegria, que é tambem proprietário de três centrais, localizadas em Viseu, Oliveira de Azeméis e Fundão. “Os próprios fornecedores de biomassa (madeireiros) já comunicaram aos seus clientes dificuldades em fornecer biomassa nas quantidades em que estavam a fornecer no passado”, continua.

Da parte da indústria da madeira, uma empresa de média dimensão que abastece três centrais, a Ponte Florestal, confirmou ao Negócios a dificuldade em obter biomassa. “No próximo meio ano, a redução poderá atingir entre 30 a 40%, mas 30% seguramente, na região centro”, a zona onde se localizam as centrais que a ponte florestal fornece, assegura António Paiva, o responsável pela empresa. Acrescenta que a situação de escassez se poderá agravar se o ICNF não agilizar a replantação dos terrenos ardidos.

A recente escassez da matéria necessária ao funcionamento das centrais acresce o recente surgimento de novos operadores no mercado. No último ano e meio, novas centrais surgiram no Fundão, Viseu, Famalicão, Figueira da Foz e Porto Mós. “No fim deste ano devem estar todas operacionais”, aponta Carlos Alegria. Juntas, representam um acréscimo de 110 megawatts de produção, o que implica que, por ano, sejam necessárias 1,2 milhões de toneladas de biomassa extra, de acordo com a APEB. Num todo, o setor “vai precisar qualquer coisa como entre 5 a 6 milhões de toneladas por ano, o que começa a ser difícil de encontrar”, diz o presidente da associação.