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Economia

Fertirrigação aumenta eficiência produtiva e reduz custos com mão de obra no campo

Beneficiários do Programa Rio Rural obtêm bons resultados com a técnica no interior fluminense, que possibilita adubação e rega das lavouras ao mesmo tempo.

Fertirrigação aumenta eficiência produtiva e reduz custos com mão de obra no campo

A fertirrigação, técnica que consiste na aplicação de adubos diluídos na água da irrigação, está ganhando, aos poucos, a adesão de agricultores no interior fluminense. Em Itaocara, na Região Noroeste do estado do Rio de Janeiro, os bons exemplos estão se multiplicando. A partir de subprojetos de irrigação apoiados pelo Programa Rio Rural, da Secretaria de Agricultura e Pecuária do estado do Rio de Janeiro, os produtores vêm fazendo  pequenas adaptações em seus equipamentos para usufruírem melhor dos benefícios gerados por essa prática.

De acordo com Evanildo Rangel Júnior, técnico executor do Rio Rural na microbacia Córrego do São Luiz e Jararaca, a resistência dos agricultores ao uso da tecnologia no campo vem diminuindo. “Antigamente, as pessoas eram mais desconfiadas. Acreditavam que para uma planta crescer era preciso muita água e adubo. Com o Rio Rural, elas tiveram acesso a novos meios de manejo e estão mudando a mentalidade”, conta o funcionário da Emater-Rio.

Não existe subprojeto específico para fertirrigação. A técnica é aplicada a partir de uma adaptação do subprojeto de irrigação,  implantado com incentivo de aproximadamente R$ 4,5 mil ao produtor. Com um complemento pessoal de R$ 500, é possível comprar um reservatório e acoplar um registro extra no mesmo encanamento da irrigação. Por meio desta tubulação, o fertilizante se mistura à água e assim chega às plantas.

Há dez anos, o produtor Odilon Pinto, da microbacia Córrego do São Luiz e Jararaca, começou seus primeiros experimentos com fertirrigação e nunca mais parou. Em 2014, recebeu subprojeto de irrigação do Rio Rural e aproveitou para ampliar sua área trabalhada com fertirrigação. “Antes eu gastava até R$ 130 por semana com mão de obra para irrigar e adubar a plantação de jiló. Hoje, apenas ligo a bomba e pronto. Não me vejo mais sem isso”, comenta.

Em média, cada um dos dois mil pés de jiló recebem a aplicação de quatro gramas de fertilizante em um processo que dura apenas dez minutos. “Se fosse adubação convencional,  seria muito nutriente para a planta de uma vez só, pois precisávamos otimizar a mão de obra. Agora, programo melhor a fertilização em quantas vezes forem necessárias para o vegetal absorver o que precisa. Fertirrigação é injeção na veia. A resposta é rápida. No método antigo, seria como injeção no músculo”, compara Odilon Pinto.

Fertirrigação como alternativa para a escassez de mão de obra

De acordo com o técnico Evanildo, um dos principais benefícios da fertirrigação é a redução dos custos  de mão de obra, cada vez mais rara na zona rural. Segundo ele, em média, nas lavouras tradicionais, metade dessas despesas está relacionada ao emprego de pessoas para realizar atividades como a irrigação e a fertilização. “Quando opta pela fertirrigação, o produtor está usando menos mão de obra e, com esse tempo que sobra, fica livre para poder executar outras tarefas, como aumentar a área de plantio, diversificar alguns tipos de cultura”, defende o técnico.

Foi o que aconteceu com o produtor rural José Alberto Monteiro, da microbacia Valão do Pati, também em Itaocara. Durante muito tempo, ele se dedicou à olericultura (tomate e pimentão), cultivo sensível e que por isso exige trato diferenciado em um curto período de tempo, como a irrigação intensa durante o crescimento das plantas.

Há cinco anos, Monteiro implantou o sistema de fertirrigação. Com isso, teve mais tempo para testar sua performance dentro do ramo da fruticultura. Hoje, possui lavouras de limão, coco e goiaba. Para isso, apostou na fertirrigação por microaspersão, que funciona com pequenos jatos de água providos a partir de uma pequena haste colocada no solo. “A fruticultura é mais rentável. Com a fertirrigação, damos a adubação e a água exatamente na dose que a planta precisa”, enfatiza o produtor. Ele afirma que aciona o registro da solução com a adubação por apenas dez minutos durante o processo de irrigação. A quantidade vem sendo suficiente para  assegurar boa produtividade.

Economia no uso da água

A irrigação controlada, seja por gotejamento ou microaspersão, garante eficiência no uso da água, pois as plantas são molhadas de maneira uniforme, sem o desperdício que ocorre com o método convencional, que ainda pode comprometer a saúde das plantas ao molhar as folhas, gerando proliferação de fungos e bactérias. Uma vez que a adubação é aplicada junto com a irrigação, o consumo de água passa a ser menor, já que os dois trabalhos são feitos de uma só vez.